Recentemente, percebemos a ascensão de vozes trans, se destacando no campo das artes, da política, cultura e educação, e também no campo da saúde sexual de pessoas trans, essas vozes anunciam uma transformação social que vem impactando positivamente.

O Programa de Educação Comunitária da Casa da Pesquisa teve um projeto aprovado na 25° Conferência Internacional de AIDS que ocorreu em Munique na Alemanha,  em julho deste ano: “Estratégias Eficazes para Expandir o Uso da PrEP entre Mulheres Trans no Brasil”, em suma, esta pesquisa sistematiza o trabalho de pensar epistemologias comunitárias para a população trans, alcançado pessoas que estavam destinadas a riscos e vulnerabilidades sexuais, alterando esse destino; sistematiza metodologias sociológicas e psicossociais ao pensar o cuidado a comunidade. O trabalho citado, reflete desde escuta qualificada, até campanhas de doações de roupas, acesso a atividades culturais e outros. 

Juntamente com a Dra. Camila de Alburquerque Morais, o Programa de Educação Comunitária  teve outro projeto aprovado na “5ª Conferência de Pesquisa para Prevenção do HIV” que ocorrerá de 06 a 10 de outubro em Lima, Peru. Tal projeto destaca a importância da representatividade e excelência no trabalho comunitário de prevenção ao HIV/Aids aplicado em vidas trans. Como é um trabalho inédito e ainda será apresentado, não podemos comentar profundamente. 

Tal trabalho só é possível acontecer com o incentivo e autonomia oferecidos pelo Diretor da Casa da Pesquisa do CRT-DST/AIDS, Dr. Valdez Madruga e Dra. Rosa Alencar diretoria do CRT-DST/AIDS e do apoio insubstituível da comunidade trans. 

É essencial percebermos a necessidade do conceito de representatividade que rompe com a ideia de visibilidade. Representar o próprio trabalho, a trajetória e toda uma comunidade, talvez seja um dos maiores e mais importantes desafios, que jamais podemos perder de vista, pois, já ficou evidente que uma reposta global a epidemia de HIV/AIDS só se dará com a própria representação, o olhar catalisador do outro sobre a população trans, já se mostrou falho. É preciso a construção de epistemologias especificas para combater esse fim inalterado que é a população trans ser desproporcionalmente afetada pelo HIV.

* Paola Alves de Souza é coordenadora do Programa de Educação Comunitária da Casa da Pesquisa/CRT/Aids. MSc-história, PhD student- psicologia USP. Coordena o braço qualitativo do estudo Mapeamento da População Trans do Estado de São Paulo vinculado a UNIFESP/CRT/Aids. Coordenou o recrutamento do projeto PrEP 15-19 e esteve pesquisadora nas maiores coortes trans do país: Divas, TransNacional, TransOdara. Esteve na construção do Programa Transcidadania em 2015 e permaneceu até 2020. É professora universitária