A cidade de São Paulo será palco do II Encontro Nacional da Rede Mundial de Pessoas que Vivem e Convivem com HIV. O evento, que acontece este fim de semana, reunirá ativistas, especialistas e membros dessa comunidade com o objetivo de promover troca de experiências, discutir avanços científicos no cuidado do HIV/aids e abordar outras questões fundamentais para a população mais afetada.

Dados epidemiológicos revelam a relevância contínua de se combater a epidemia do HIV. Segundo relatório do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/aids (UNAIDS), cerca de 38 milhões de pessoas viviam com o vírus em todo o mundo até o final de 2021. Apesar dos avanços na prevenção e no tratamento, ainda há desafios a serem superados para garantir o acesso universal à saúde e combater o estigma associado ao estado sorológico.

Uma das estratégias eficazes para o apoio e acolhimento das pessoas afetadas pelo HIV/aids é a criação de grupos de ajuda mútua. Estudos demonstram a importância desses grupos no fortalecimento emocional, na troca de informações, no compartilhamento de histórias e na construção de uma rede de apoio sólida. A Rede Mundial de Pessoas que Vivem e Convivem com HIV, existe desde 2013, e é um exemplo desse tipo de iniciativa, fornecendo um espaço virtual seguro no Facebook, além de outros canais de comunicação, para que os membros possam se conectar, encontrar apoio e buscar orientação.

O II Encontro Nacional será um marco significativo para a comunidade, proporcionando rodas de conversa e atividades centradas em temas cruciais. Entre eles, destaca-se a evolução da ciência no cuidado do HIV/aids, abordando novos tratamentos, estratégias de prevenção, avanços na pesquisa e desenvolvimento de vacinas. Além disso, a saúde mental da população LGBTQIAPN+ e pessoas vivendo com HIV será tema de discussões, reconhecendo os desafios específicos enfrentados por essa comunidade, principalmente no contexto pós-pandemia.

Outro tema relevante a ser abordado é a redução de danos no chemsex (sexo químico), um fenômeno que envolve o uso de drogas recreativas em contextos de práticas sexuais. Especialistas estarão presentes para compartilhar informações sobre estratégias de redução de riscos e fornecer orientações sobre como promover comportamentos mais seguros e saudáveis.

“A importância de iniciativas como o II Encontro Nacional da Rede Mundial de Pessoas Vivendo com HIV é inegável . Elas representam um espaço fundamental para a troca de conhecimentos, a construção de laços de solidariedade e o fortalecimento da comunidade”, afirma João Geraldo Netto, criador da Rede Mundial e um dos coordenadores do Instituto Multiverso, que organiza o evento. “Esses encontros contribuem para desmistificar o vírus, combater o estigma e promover a conscientização sobre a realidade das pessoas que vivem com HIV. Além disso, também são essenciais para atualizar os participantes sobre os avanços científicos, terapêuticos e tecnológicos na área, oferecendo esperança e perspectivas positivas para o futuro”.

“A oportunidade de encontrar e trocar experiências com outras pessoas que também vivem com o HIV é muito importante em vários aspectos, entre eles o fortalecimento da nossa autoestima, já que enfrentamos o estigma diariamente. Teremos a chance de conhecer outras pessoas com histórias de superação e sucesso, onde o vírus se tornou apenas um detalhe. A programação do encontro também traz muita informação importante e necessária para todos nós. É um trabalho incrível que a Rede Mundial está nos proporcionando.”, diz AA, que participará do encontro.

As atividades do Encontro contarão com a facilitação de renomados ativistas, profissionais de saúde, pesquisadores e personalidades que têm desempenhado um papel fundamental na luta pelos direitos da população LGBTQIAP+ e das pessoas vivendo com HIV. Essa diversidade de vozes e perspectivas enriquecerá as discussões e proporcionará um ambiente de aprendizado e apropriação do autocuidado.

Durante o evento, os participantes terão a oportunidade de compartilhar suas dúvidas, medos, experiências, vitórias e conquistas, fortalecendo ainda mais a rede de apoio mútuo. A interação entre pares é uma ferramenta poderosa para encorajar e inspirar outras pessoas que vivem com o HIV, mostrando que é possível viver uma vida plena e significativa, mesmo diante dos desafios.

“Eventos como esse não apenas fortalecem a comunidade das pessoas vivendo com HIV, mas também contribuem para o avanço da ciência, da saúde pública e dos direitos humanos. Eles reafirmam o compromisso de construir uma sociedade mais inclusiva, livre de estigmas e preconceitos”, afirma Fábio Mesquita, médico epidemiologista.

Beto de Jesus, Diretor da AHF Brasil, explica “no Brasil ainda morrem diariamente cerca de 30 pessoas em decorrência da aids. Temos acesso universal a medicação, mas isso não é tudo. As condições sócio-econômicas e de saúde mental influenciam diretamente na adesão ao tratamento. A AHF-Brasil sente-se honrada em apoiar esse importante encontro, que visa fortalecer as redes de PVHIV buscando reforçar a adesão e o acolhimento, bem como fomentar as ações de advocacy.” concluiu.

O II Encontro Nacional da Rede Mundial de Pessoas que Vivem e Convivem com HIV é um lembrete poderoso de que a solidariedade, o conhecimento e a ação coletiva são os pilares fundamentais para enfrentar o HIV/aids e alcançar um futuro em que todas as pessoas vivam com dignidade e igualdade.

Mais informações: joaonetto@institutomultiverso.org