Um estudo realizado pela Casa da Pesquisa do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids de São Paulo (CRT) trouxe novos insights sobre a simplificação de tratamentos para pessoas vivendo com HIV/Aids (PVHA) no Brasil. Apresentado no Congresso Paulista de Infectologia pelo Dr. Lucas Rocker, o estudo focou na terapia dupla com dolutegravir e lamivudina, uma abordagem que pode ter impacto significativo nas futuras políticas de saúde pública.

A pesquisa incluiu 919 pacientes do CRT que foram submetidos à terapia dupla por pelo menos 48 semanas. Os resultados revelaram que a maioria dos pacientes eram homens (82,3%) e brancos (69,3%), com idade média de 50,8 anos. O tempo médio desde o diagnóstico de HIV foi de 11,8 anos, e a média de tempo em uso de terapia antirretroviral foi de 9,1 anos.

Os principais motivos para a adoção da terapia dupla foram a conveniência posológica (29,9%), problemas renais (21,8%) e ósseos (21,7%). Fatores como idade superior a 50 anos e raça negra também influenciaram a escolha do tratamento para pacientes com comorbidades renais. Já entre os pacientes com comorbidades ósseas, o sexo feminino e a idade avançada foram fatores determinantes.

Dr. Rocker destacou que “a simplificação do regime terapêutico, ao reduzir a carga de medicamentos, pode melhorar a adesão ao tratamento e a qualidade de vida dos pacientes.” Ele também mencionou que a terapia dupla com dolutegravir e lamivudina tem um perfil de segurança e eficácia bem estabelecido. “A retirada de uma terceira medicação, como o tenofovir, é particularmente interessante em pacientes com comorbidades e que estão envelhecendo, pois ajuda a minimizar a toxicidade”, explicou.

Com a introdução do comprimido coformulado no Sistema Único de Saúde (SUS), existe a possibilidade de reduzir ainda mais o número de comprimidos diários, o que pode melhorar a adesão ao tratamento e a qualidade de vida dos pacientes. Dr. Rocker enfatizou que a individualização dos tratamentos é essencial, mas afirmou que essa abordagem terapêutica simplificada veio para ficar.

O estudo sublinha a importância de personalizar as abordagens terapêuticas para pessoas vivendo com HIV/aids, considerando comorbidades e outras condições de saúde que possam influenciar a eficácia do tratamento. “Em um cenário de recursos limitados e desafios contínuos no controle da epidemia de HIV/aids no Brasil, a simplificação terapêutica pode ser um avanço crucial.”

A pesquisa oferece uma perspectiva prática sobre a implementação de terapias simplificadas para o HIV, destacando a importância de políticas de saúde que levem em conta as necessidades individuais dos pacientes.

Vinicius Francisco, especial para a Agência Aids

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