Léo Mendes

“Serão inabilitados por um ano, como doadores de sangue ou hemocomponentes, os candidatos que nos 12 meses precedentes tenham sido expostos a uma das situações abaixo:… Homens que tiveram relações sexuais com outros homens .” Resolução número 153/04 da ANVISA, em seu item B.5.2.7.2 , referendada pelo Programa nacional de DST/Aids do Brasil.

Não é necessário argumentar aqui que a medida coloca os Gays numa condição de sub cidadãos no momento de doar o sangue. Por outro lado, os estudos utilizados para demonstrar que os hmossexuais ainda estão numa situação de extrema vulnerabilidade ao HIV e as outras DSTs. O artigo “Risco relativo para aids dos homossexuais masculinos no Brasil” de Jorge Beloqui, publicado em 2006 na revista Cadernos pela Vidda, chegou à conclusão de que a probabilidade de desenvolver Aids entre gays e outros HSH é de pelo menos 18 vezes maior do que entre heterossexuais. Ele nos coloca o desafio de demandar aos Governos Federal, estadual e municipal compromissos de ações e metas que visem reduzir em curto prazo este risco acrescido.´

É preciso que os ativistas do movimento Gay, as gestoras dos programas de Aids de todo país e os Gays vivendo com HIV unam esforços no sentido de inverter a rota, promovendo maior investimento dentro dos planos de ações e metas de todos os gestores dos municípios, Estados e da união.

O princípio da equidade precisa ser garantido. É preciso investir maciçamente em campanhas de divulgação em veículos de comunicação, sites, revistas, programas de rádio, tvs, jornais, voltados para a comunidade gay. Mais do que nunca o o Governo e o movimento Gay precisam fazer o preservativo preservativo, o gel lubrificante, as máquinas dispensadoras de camisinhas em boates, saunas e cinemas de freqüência gay saírem do armário.

Precisamos introduzir a prevenção positiva, apoiar pequenos projetos levando em conta a mobilização de gays nas pequenas cidades, nos interiores e nos bairros de periferia. O projeto somos, as paradas do orgulho GLBT, o dia de combate à homofobia, os encontros da comunidade gay são momentos importantes de visibilidade massiva que merecem atenção política e orçamentária dos diversos programas de Aids. É preciso investir na produção de um microbicida retal. Não basta dizer que temos 18 vezes mais chances de nos infectar com HIV e que por isto não podemos colocar em risco a saúde pública do país, é preciso dar um passo adiante e priorizar a política de prevenção para os gays.

Léo Mendes é representante dos homossexuais na Comissão de articulação dos movimentos sociais em Aids do PN/Aids e tesoureiro da Associação brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros.
E-mail: liorcino@yahoo.com.br