Os preservativos femininos, conhecido como preservativos internos, foram originalmente projetados para uso em relações sexuais vaginais. No entanto, homens que fazem sexo com homens e casais heterossexuais também começaram a usar esse método de prevenção durante o sexo anal.

Para o sexo anal, os usuários apontam uma série de vantagens do uso do preservativo interno em comparação com o externo, tornando o modelo, que antes era pensado apenas para mulheres, um atrativo também para as relações entre homens que fazem sexo com homens.

Muitas mulheres também fazem sexo anal e o preservativo interno de borracha nitrílica (que pode ser colocado até 8 horas antes da relação sexual) dá autonomia e liberdade de escolha para exercerem sua sexualidade e prevenção. Não podemos ignorar esta forma de uso deste insumo por mulheres cis e trans, homens trans, gays e homens que fazem sexo com homens (HSH), afirma a ativista Vanessa Campos.

O infectologista Ricardo Vasconcellos explica que “essa prática se tornou comum mais entre os homens que fazem sexo com homens porque eles perceberam que poderiam usar esse preservativo para resolver as questões de prevenção deles. O preservativo interno é um método de barreira então ele pode sim ser considerado seguro independente do tipo de sexo que está sendo realizado por se tratar de uma barreira mecânica, portanto funciona para bloquear o contato do vírus com a mucosa.”

Enquanto a maioria dos preservativos externos são feitos de látex, alguns modelos internos trabalham com a opção feita de borracha nitrílica. O modelo FC2, por exemplo, foi distribuído no Sistema Único de Saúde do Brasil até o início de 2019. E, atualmente, mulheres reivindicam que este insumo volte a ser distribuído gratuitamente no Brasil, através de um abaixo-assinado que você pode acessar clicando aqui.

O material de borracha nitrílica é menos propensos a causar reações alérgicas e podem ser usados ​​com lubrificantes à base de óleo.

Vantagens

Ricardo Vasconcellos explica que “o que tornou esse preservativo mais interessante para a prática de sexo anal entre HSH, é que o uso dele não depende de o parceiro ativo concordar com o uso da camisinha e também porque durante a relação sexual, o ativo consegue ter o tipo de atrito que gostaria. Para os parceiros receptivos, muitos relatam que gostam porque não precisam fazer a ducha anal, então não precisa se preocupar com a presença de fezes na ampola retal, porque o preservativo se torna uma barreira.”

“Outra forma que foi apontada como uso, é que os parceiros utilizam o próprio pênis do ativo para introduzir o preservativo no local correto. Assim, por conta dessas várias formas de ser utilizado, é que estamos convencionando de não mais chamar esse preservativo de feminino, mas sim de preservativo interno”, afirma Ricardo.

Um usuário que prefere não se identificar afirma que gosta do preservativo interno porque ele ser mais lubrificado. “Acaba deslizando mais, então é mais prazeroso para os tanto para o ativo quanto para o passivo.”

Ricardo Vasconcellos esclarece que é importante não reutilizar o preservativo interno. Ele foi projetado para uso único. “Algo que me preocupa um pouco, são as festas de sexo, onde algumas pessoas relatam que há troca de parceiros sem  troca de preservativos, então isso é algo que os coloca em risco de infeção, principalmente entre os ativos”, finaliza.

 

O que há de evidência

Ainda não existem pesquisas clínicas que garantem validam a segurança do uso do preservativo interno durante o No entanto, não há ainda qualquer pesquisa clínica sobre sua eficácia na prevenção da transmissão do HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis durante o sexo anal.

Há, no entanto, uma pesquisa publicada em 2003, pelo Departamento de Medicina da Universidade de Washington avaliou a segurança e a experiência do usuário do preservativo interno para o sexo anal entre homens gays. Os participantes relataram suas experiências com preservativos femininos e masculinos. Ao usar preservativos femininos, os participantes tiveram maior probabilidade de relatar escorregamento durante o uso ou retirada. As taxas de quebra do preservativo foram semelhantes para os preservativos femininos e masculinos. Depois de usar os dois conjuntos de preservativos, os participantes geralmente tinham maior probabilidade de usar preservativos masculinos do que femininos no futuro.

Naqueles que estariam dispostos a usar o preservativo feminino com futuros parceiros, os motivos declarados foram que o preservativo feminino era mais confortável, mais fácil de usar e percebido como mais forte e seguro.

Os pesquisadores sugeriram que os gays que estão pensando em usar o preservativo feminino podem precisar de treinamento para evitar derrapagens e derramamento de sêmen. Eles acrescentaram que “são necessários mais trabalhos sobre modificações de design, segurança e aceitabilidade do preservativo feminino em homens gays HIV negativos”.

A pesquisa completa pode ser acessada clicando aqui. 

 

Mudança de nome

Além das diferentes possibilidades de uso, a mudança do nome também foi motivada pelo respeito às pessoas transexuais, já que existem mulheres com pênis e homens com vagina.

Em 2018, as autoridades reguladoras americanas (Food and Drug Administration) mudaram o nome do preservativo feminino para “preservativo interno de uso único”, a fim de reduzir a percepção de que ele é apenas destinado e apropriado para uso por mulheres. Os reguladores agora aprovam o dispositivo para sexo vaginal e anal. Eles definem o preservativo interno como um “dispositivo tipo bainha que reveste a parede vaginal ou anal e é inserido na vagina ou no ânus antes do início do coito”.

As diretrizes do Reino Unido para aconselhamento sobre sexo seguro, emitidas pela Associação Britânica de Saúde Sexual e HIV e pela Associação Britânica de HIV, também afirmam que os preservativos femininos podem ser usados para o sexo anal.

 

 

Redação da Agência de Notícias da Aids