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Pajubá da Prevenção ou simplesmente Transprevenção está chegando ao fim. Nos últimos dois anos o projeto, de iniciativa do Instituto Vida Nova, percorreu várias cidades no Estado de São Paulo e levou para aproximadamente 400 mulheres e homens transexuais e travestis conhecimento e reflexão sobre a mandala de prevenção do HIV, a promoção da saúde e os direitos sociais com foco nesta população.

O projeto começou com rodas de conversas nas casas das participantes. Cada anfitriã recebia uma ajuda de custo e convidava outras amigas para um bate-papo com duas facilitadoras. A ideia era fazer com que elas se sentissem mais confortáveis e pudessem usar suas linguagens.

Nos últimos meses, devido a pandemia do novo Coronavírus, o projeto se reinventou e passou a promover rodas de conversas virtuais. A dinâmica era a mesma, o desafio foi fazer com que as informações entre pares chegassem ao maior número de pessoas.Realizamos 69 rodas de conversas e a falta de informação sobre direitos básicos foi um dos assuntos mais discutidos. Muitas meninas não tinham ideia, por exemplo, de que o SUS oferece hormonização. Elas também estavam bastante preocupadas com o silicone industrial. A camisinha era um insumo conhecido entre elas, mas poucas sabiam sobre outras formas de prevenção, explicou Américo Nunes Neto, idealizador do projeto e fundador do Instituto Vida Novas.

Outro assunto em destaque foi o preconceito e o estigma que pessoas trans sofrem por viver com HIV. As próprias amigas usam termos pejorativos e o resultado é a discriminação. “Reforçamos o tempo todo que independentemente da sorologia para o HIV e outras ISTs, somos seres humanos e temos que ser respeitados.”

Ele continua: “Sabemos que as pessoas trans estão entre as mais vulneráveis e marginalizadas quando o assunto é o enfrentamento a Covid-19. É uma população que cotidianamente enfrenta estigmas e discriminação quando procura serviços de saúde. Constatamos essa realidade nas últimas rodas. Por isso, decidimos ampliar o objetivo inicial e começamos a acolher as nossas participantes com doação de cestas básicas e produtos de higiene”, contou o ativista.

Segundo Américo, o projeto TransPreveção conseguiu acessar apopulação trans de várias formas e contribuiu ao longo dos meses para o fortalecimento de vínculos com osserviços de saúde, além de manter a integração com a ONG e outras instituições parceiras.

“Nosso trabalho está chegando ao fim, mas o compromisso na luta pela garantia de uma política de saúde de qualidade, assistência social e proteção de direitos humanos para as pessoas trans e travestis continua. Sabemos que os esforços para garantir os direitos humanos a população trans só funcionarão se o direito à vida e à saúde estiverem protegidos”, disse.

A próxima missão do TransPrevençãoserá sistematizar os dados colhidos ao longo do projeto e propor, junto as instâncias governamentais e políticas, novas iniciativas para facilitar o acesso da população trans as políticas públicas. “Os serviços de saúde e proteção social estão distantes das realidades e necessidades desta população. O não acesso a saúde integral e a falta de humanização afasta essas pessoas dos serviços”, finalizou.

O projeto foi financiado pelo Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo e atuou em parceria com os serviços de IST/Aids dos municípios de São Paulo, Guarulhos, Suzano, Ferraz de Vasconcelos e Poá.

 

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