A espera pela vacina contra a covid-19 já terminou para as pessoas que vivem com HIV no Brasil. Depois de vacinar todos os indivíduos com mais de 60 anos, na última semana o país começou a vacinar o grupo das pessoas de 18 a 59 anos de idade que têm alguma comorbidade.

Esse grande grupo inclui inúmeras condições de saúde, como os obesos mórbidos, os diabéticos, as pessoas com cirrose hepática e com doenças cardíacas, pulmonares e renais. Depois de alguns meses de indefinição, as pessoas que vivem com HIV foram as últimas as serem incluídas nesse grupo de priorização da vacinação.

Um dos motivos do impasse foi o fato de ainda não compreendermos completamente o impacto da coinfecção coronavírus e HIV. Da mesma forma, também era desconhecido o desempenho das vacinas contra covid-19 quando aplicadas em pessoas vivendo com HIV.

Todas as vacinas que estão sendo distribuídas atualmente no Brasil (CoronaVac, AstraZeneca e Pfizer) permitiram a inclusão de pessoas com HIV nos seus ensaios clínicos de eficácia, no entanto, até agora os resultados da vacinação especificamente nesse grupo ainda não tinham sido anunciados.

Recentemente foram divulgados dois estudos que se propuseram a avaliar a resposta imune induzida pela vacina da AstraZeneca em pessoas vivendo com HIV. O primeiro, realizado no Reino Unido, incluiu 54 participantes de 18 a 55 anos, todos eles em terapia antirretroviral, com carga viral indetectável e contagem de CD4 acima de 350 células/mm3, o que significa que o vírus estava sob controle e a imunidade normal.

O outro estudo foi conduzido na África do Sul e contou com a participação de 104 pessoas vivendo com HIV com idade de 18 a 65 anos também em tratamento antirretroviral com bom controle virológico e imunológico.

Os dois estudos mostraram que, após a vacinação das pessoas vivendo com HIV, não houve diferença na produção de anticorpos, na resposta imune celular e nem nos efeitos colaterais, quando comparados com indivíduos não infectados com esse vírus. Os resultados sugerem, portanto, que provavelmente nos dois grupos a proteção contra a covid-19 conferida pela vacina AstraZeneca será semelhante.

Os pesquisadores dos dois estudos os divulgaram na forma de pré-print, ou seja, ainda não foram avaliados por seus pares e nem publicados em uma revista científica, mas já causaram otimismo com seus resultados. Resta saber agora se esses resultados serão semelhantes para as pessoas com HIV que não estão em tratamento antirretroviral adequado ou que estão com a imunidade comprometida pela Aids.

No Brasil, todas as pessoas que vivem com HIV deverão ser vacinadas, independente do uso de tratamento, da carga viral ou da situação da sua imunidade, e deverão receber qualquer uma das três vacinas que estiver disponível.

Cada estado do país está se organizando de uma maneira para vacinar esse grupo. Em São Paulo, por exemplo, devido ao grande número de pessoas, optou-se por dividi-lo por faixas etárias. No último dia 12 de maio, iniciou-se a vacinação daqueles com 55 a 59 anos, enquanto hoje, dia 14, começa a vacinação do grupo de 50 a 54 anos.

Fique atento ao esquema de vacinação escolhido na sua localidade e quando chegar a sua vez de vacinar tenha em mãos o relatório médico encaminhando para a vacina, a receita do antirretroviral no seu nome ou um exame mostrando a sua infecção por HIV. Qualquer um dos três documentos servirá para comprovar a sua priorização na vacinação contra a covid-19.

#VACINAPARATODOS

Fonte: Viva Bem (UOL) / Coluna Rico Vasconcelos