As Olimpíadas de Tóquio começaram nesta sexta-feira (23) e a Agência de Notícias da Aids traz o cenário das infecções por HIV nos principais países a se enfrentarem ao longo da competição.

Pelos próximos 16 dias, será possível acompanhar os Jogos que abrigarão cerca de 11 mil atletas, representando mais de 200 países.

O comitê organizador de Tóquio 2020 disseram que os Jogos serão “especialmente significativos como uma mensagem de solidariedade e coexistência”.

Um dos esportes de destaque para o Brasil está o vôlei de praia. Nessa sexta-feira (23) a seleção brasileira enfrenta a Argentina. Os dois países têm uma epidemia cuja transmissão acontece principalmente por meio de relações sexuais e com prevalência em homens que fazem sexo com homens.

Confira como é o cenário das infecções por HIV nesses países.

 

Argentina

Para uma população de aproximadamente 44 milhões de habitantes, a Argentina tem uma prevalência do HIV de 0,4% entre os adultos (de 15 a 49 anos) e cerca de 140 mil pessoas vivendo com o vírus, segundo dados do mais recente relatório do Programa Conjunto das Nações Unidas Sobre HIV/Aids (Unaids), de 2020. O principal meio de transmissão é a relação sexual.

A porcentagem de pessoas em tratamento na Argentina é de 65%. Apesar da terapia antirretroviral ser acessível nas grandes cidades e ser garantida por lei no país, existe um problema de logística devido ao fato de a maioria das áreas mais pobres serem isoladas ou se situarem na zona rural. Além disso, o estigma dificulta o acesso, porque muitas pessoas hesitam em se tratar em suas comunidades – temendo o estigma após a revelação do diagnóstico, acabam optando por não procurarem os serviços de saúde.

Em 2020, a Argentina registrou 5.600 novas infecções pelo HIV e 1.400 mortes relacionadas à aids.

Entre as mulheres, 43 mil vivem com o vírus. Um recente estudo realizado no país revelou que, nos últimos dois anos, a maior parte delas se infectou em relações com seus parceiros estáveis.

As populações mais afetadas pelo HIV/aids na Argentina são gays e outros homens que fazem sexo com homens, com uma prevalência de  15,7% e as pessoas privadas de liberdade, com uma taxa de 2,7%.

Ainda segundo o Unaids, a Argentina alcançou marcos significativos na resposta ao HIV, adotando uma abordagem de teste e tratamento desde 2015. A cobertura estimada de pessoas vivendo com HIV que acessam a terapia antirretroviral está entre as mais altas da América Latina.

 

Brasil

Assim como muitos outros países da América Latina e do Caribe, a epidemia de HIV/aids no Brasil está concentrada na população de homens que fazem sexo com homens (HSH), com uma prevalência de 18,3%. Em mulheres trans o índice chega a 30%. Ainda segundo o Unaids, na população geral, a prevalência é de 0,6%.

Hoje, cerca de 930 mil pessoas estão vivendo com HIV/aids, sendo que 650 mil estão em tratamento.

Desse modo, mesmo depois de 36 anos de epidemia, o HIV continua sendo um desafio a ser vencido no Brasil e no mundo.

O Ministério da Saúde estima que cerca de 10 mil casos de aids foram evitados no país, no período de 2015 a 2019. Os jovens, de 25 a 39 anos, de ambos os sexos, com 492,8 mil registros, concentraram o maior número de casos. Nessa faixa etária, 52,4% são do sexo masculino e 48,4% são mulheres.

Ainda segundo o Boletim Epidemiológico, a taxa de mortalidade por aids também apresentou queda de 17,1% nos últimos cinco anos. Em 2015, foram registrados 12.667 óbitos pela doença e em 2019 foram 10.565. Na avaliação do Ministério da Saúde, ações como a testagem para a doença e o início imediato do tratamento, em caso de diagnóstico positivo, são fundamentais para a redução do número de casos e óbitos por aids.

Pandemia

Segundo a Vigilância em Saúde do MS, apesar da pandemia de covid-19, durante esse período a pasta expandiu a estratégia de entrega de antirretrovirais (ARV) de 30 para 60 ou até 90 dias.

Hoje, 77% dos pacientes em tratamento tem dispensação para 60 e 90 dias, em 2019 eram 48%. Além disso, Medeiros ressaltou que o uso de auto testes foi ampliado com o objetivo de reduzir o impacto na identificação de casos de HIV por conta da pandemia. A pasta também garantiu a oferta de teste anti-HIV para pacientes internados com síndrome respiratória.

Até outubro de 2019, o Ministério da Saúde distribuiu 7,3 milhões de testes rápidos de HIV, 332 milhões de preservativos masculinos e 219 milhões de preservativos femininos.

Apesar da queda do número de casos nos últimos anos, em um período de 10 anos, houve um aumento de 21,7% na taxa de detecção de HIV em gestantes. Segundo o MS, essas estatísticas podem ser explicadas, em parte, pela ampliação do diagnóstico no pré-natal e a melhoria da vigilância na prevenção da transmissão vertical do HIV.

O maior número de gestantes infectadas com HIV (27,6%) está entre jovens de 20 a 24 anos. Em 2019 foram identificadas 8.312 gestantes infectadas com HIV no Brasil. O Ministério da Saúde atualizou o protocolo para prevenção de transmissão vertical do HIV, quando o vírus é passado de mãe para filho.

De 2015 a 2019, houve redução de 22% na taxa de detecção de aids em menores de 5 anos. Passando de 2,4 casos por 100 mil habitantes em 2015 (348 casos no total) para 1,9/100 mil habitantes, em 2019 (270 casos). A taxa de detecção de aids em menores de 5 anos tem sido utilizada como indicador para o monitoramento da transmissão vertical do HIV, que inclui ainda a transmissão durante a gestação, o parto ou a amamentação.

 

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Confira também o cenário das infecções por HIV no Japão clicando aqui. 

 

Jéssica Paula (jessica@agenciaaids.com.br)