Morreu nessa quinta-feira (3), Chiara Durarte, mulher trans que, aos 27 anos foi vítima de assassinato no centro de São Paulo. Chiara vivia na Casa Florescer II, residência de acolhimento para pessoas trans em situação de vulnerabilidade social.
Segundo informações da instituição, o responsável já se encontra preso, confessou, e responderá pelo crime de homicídio. A informação é de que ele a empurrou do sétimo andar de um edifício ao descobrir que ela era uma mulher trans.
A Casa Florescer se manifestou publicamente nas redes sociais. Confira o depoimento:
Hoje foi um dia triste. A morte, como sempre, interrompendo sonhos. Chiara Duarte, Mulher Trans, 27 anos, mas gostaria de viver mais! Estava morando na Casa Florescer 2 e na madrugada de 02 de setembro encontrava-se na Praça da Sé onde conheceu um jovem de 18 anos, personagem vilão de uma morte brutal.
Hoje no Cemitério, sua mãe chamou o funcionário e disse: Quero realizar um desejo de minha filha. Qual? perguntou. Que minha filha va embora de batom. Ela está de roupinha rosa e saia. Ela ta linda. Mas precisa de um batom.
Assim o fez, junto com parentes íntimos e três meninas da Casa Florescer. Vika, Barbara e sua melhor amiga Erika.
Comovente a alegria triste de sua mãe ao dizer: Ela ficou linda não é? Olha menina, como ela ficou linda. Não ta linda a minha filha? Sim, por que ela é uma menina e ninguém tem nada com isso. Tem que respeitar…
Chiara estava sorrindo. Assim era seu semblante.
Chiara foi jogada do sétimo andar de um edifício na Praça da Sé. Segundo o assassino, ele se enganou pensando que era uma mulher. SIM!!! ERA MESMO UMA MULHER! Assassinou por pensar o obvio! No entanto, no seu equivocado pensamento, rejeitou aquele corpo que lhe era estranho. E o descartou…
Ta la o corpo estendido no chão.
Ta la os sonhos estendidos no chão.
Ta lá uma história estendida no chão.
Em nome de todas as Travestis, Mulheres Trans e profissionais da Casa Florescer 2, nosso carinho á sua Família com a qual ela mantinha vínculos afetivos… uma relação rara na historia de vida dessas mulheres.
Associação da Parada também se manifestou
A Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo (APOGLBT SP), ONG responsável pela Parada LGBT e outros eventos do Mês do Orgulho LGBT de São Paulo, também se manifestou quanto ao falecimento de Chiara.
“Chiara foi jogada do sétimo andar de um edifício na Praça da Sé por um rapaz de 18 anos após ele saber que ela era uma pessoa trans. Mais uma vítima brutal da LGBTfobia. Nós, da APOGLBT SP, estamos em luto. Desejamos aos familiares e amigos mais próximos nossos sinceros pêsames. Lamentamos por esta perda e imaginamos a dor que atormenta neste momento tão difícil. Que todos os corações sejam confortados. A saudade estará sempre presente.”
História de Chiara
No mês de junho deste ano, Chiara concedeu depoimento ao Projeto Existimos e seu texto também foi divulgado pela revista Carta Capital. Ela falou sobre a experiência de ser uma mulher trans em situação de rua, quando ainda não havia sido acolhida pela Casa Florescer.
“A resistência que tivemos de chegar vivas até aqui é a mesma resistência que, com  a ajuda de vocês, podemos mudar essa realidade. Eu comecei minha vida com sonho de fazer artes cênicas. Eu já trabalhei como telemarketing, orientadora social, mas tive outras escolhas que fizeram eu sonhar ainda mais. Alcançar um sonho é algo que não podemos parar. Eu moro na rua, mas eu ainda sonho. Moramos aqui, mas trabalhamos. Não estamos aqui para brincar. O que acontece conosco, me desculpem, mas é consequência da realidade. Nos jogaram aqui e vocês podem nos tirar daqui”, disse à época.
Redação da Agência de Notícias da Aids