Para a ministra da Saúde, Nísia Trindade, é inadiável o debate sobre as consequências das mudanças climáticas para os serviços de saúde, sobretudo, nos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil. Nesta segunda-feira (30), ela discursou sobre o tema durante plenária do Comitê Regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para as Américas, em Washington DC, nos Estados Unidos. Citou como exemplo a situação vivenciada pelos brasileiros neste momento e conclamou os países a aderirem a uma resolução sobre o clima e saúde.
“O Brasil enfrenta neste ano graves impactos relacionados à mudança climática. Destaco as inundações no estado do Rio Grande do Sul, além da pior estiagem na Amazônia e nos biomas do Pantanal e do Cerrado que o país vive atualmente. Por motivos como este, a mudança do clima e saúde é um dos temas prioritários da presidência brasileira do Grupo dos 20 (G20)”, disse.
Nísia também destacou o lançamento no Brasil do Plano de enfrentamento à dengue e outras arboviroses, um outro campo em que se verifica o impacto da mudança do clima. “Precisamos, assim, de uma estratégia e cooperação regional para enfrentar esse desafio. A aprovação da resolução sobre clima e saúde nesta reunião do conselho diretivo será um passo importante nesse sentido”.
Desde 2023, o Ministério da Saúde está em constante acompanhamento do cenário epidemiológico das arboviroses, preparando estados e municípios para atuarem nos diferentes cenários que se apresentaram, emitindo alertas sobre a possibilidade de alta no número de casos e liberando recursos para ações de prevenção e controle. Para 2024, o investimento é de cerca de R$ 1,5 bilhão.
Na reunião, a ministra também explanou aos colegas o esforço brasileiro para cumprir o compromisso para redução da mortalidade materno-infantil – sendo o mais recente investimento a criação da Rede Alyne. Esse é um programa recente do governo federal voltado ao cuidado integral às gestantes e aos bebês, atento às desigualdades étnicos-raciais e regionais. Para essa execução, em 2024, o Ministério da Saúde vai investir R$ 400 milhões na rede. Em 2025, esse número chegará a R$ 1 bilhão.
A ministra lembrou que o Brasil, durante a Assembleia Mundial da Saúde deste ano, levantou o tema da regulamentação do marketing digital de substitutivos do leite materno e convidou todos os países da região das Américas a apoiarem o projeto de resolução sobre o tema a ser apresentado na reunião da autarquia, no ano que vem.
Nísia Trindade também mencionou a agenda da criação da Aliança para Atenção Primária em Saúde nas Américas e a Política para Força de Trabalho em Saúde 2030. “Com foco nesta última agenda, o Brasil realizará, em dezembro do presente ano, a Conferência para Gestão do Trabalho em Saúde. Somos também ativos participantes da transformação digital do setor saúde. E, para este fim, o Ministério da Saúde criou uma nova secretaria dedicada à informação e à saúde digital”, destacou.
Cooperação internacional
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, falou à plenária por meio de videoconferência. Destacou o lançamento do 14º Programa Geral de Trabalho que estabelece um roteiro para a saúde global, procurando orientar o trabalho da organização em apoio aos estados-membros e parceiros nos próximos quatro anos (2025-2028). “A cúpula do G20, em novembro, no Brasil, será a ocasião do anúncio do investimento do presidente Lula no programa”, salientou.
O diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Jarbas Barbosa, ressaltou que o mês de novembro marca o 100º aniversário do Código Sanitário Pan-Americano, que se propôs a prevenir a propagação de doenças transmissíveis. “A pandemia de covid-19 revelou a dependência estrutural da América Latina e do Caribe de vacinas importadas e outras tecnologias de saúde, a concentração geográfica em inovação e capacidades de produção e cadeias de suprimentos globais vulneráveis”, disse Barbosa, apontando a necessidade de que os Estados fechem um acordo concreto sobre pandemias.
Sobre o evento
O Conselho Diretor da Opas se reúne de 30 de setembro a 4 de outubro, em Washington DC para debater estratégias e planos para fortalecer o controle do tabaco, melhorar os sistemas de alerta precoce para emergências e reforçar o setor de saúde diante das mudanças climáticas.
Também serão debatidos temas prioritários como a sepse, os sistemas de informação para a saúde, os cuidados de longo prazo, bem como a atenção cirúrgica, os cuidados intensivos e de urgência.
Fonte: Ministério da Saúde