Quatro municípios do estado de São Paulo compartilharam suas experiência em relação ao combate à sífilis congênita durate o webinar “Os desafios da sífilis congênita em tempos de Covid-19”, nessa terça-feira (27). O evento está em sua quinta edição e tem como objetivo consolidar estratégias de combate voltadas à redução da doença.

Segundo a organização do debate, esta iniciativa é importante porque desde 2016, tem se observado uma desaceleração da sifilis congênita no estado, em uma evolução contínua, junto à atenção básica.

O webinar é realizado pela Secretaria de Estado da Saúde em parceria com a Atenção Básica e o Conselho de Secretários Municipais de Saúde (Cosems).

Dracena

Adriana Alencar, enfermeira do município de Dracena, no oeste do estado de São Paulo, contou que a sífilis apesar de ser um agravo prevenível ainda permanece como um desafio na Atenção Básica da cidade.

Em 2018, Dracena registrou 7 casos de sífilis congênita. No entanto, em 2019, observou-se um aumento para 11. A partir dessa preocupação, foram tomadas diversas ações e, em 2020, foi registrado apenas um caso de sífilis congênita.

A enfermeira explicou que, em razão da pandemia, a mudança de trabalho para o enfrentamento à sifilis aconteceu por meio de um plano para reorientar as intervenções realizadas com as gestantes. “Começamos a conversar com todas as enfermeiras e buscar entender quais eram os pontos críticos. Houve uma certa resistência das gestantes porque elas estavam com medo de sair de casa e realizar consultas. Então criamos grupos de whatsapp e reservamos uma unidade básica de saúde para as gestantes para afastar elas desse atendimento clínico, protegendo melhor.”

“Conseguimos captar, com esse método, as gestantes de forma precoce, o que é positivo. Estamos fazendo acompanhamento de forma online, para não perder esse contato”, afirma Adriana. “Além disso, conseguimos também solicitar exames do parceiro da gestante. Foram realizados testes rápidos, onde a gestante obtém o resultado no mesmo dia. Em caso de resultado positivo para sífilis, nesse mesmo dia já entramos em contato com a gestante e o parceiro para entrar em tratamento”, explica.

 

Guararema

“O SUS é isso, são guerreiros que fazem a saúde acontecer”, afirmou Adriana Martins de Paula, da Secretaria de Saúde do município de Guarema, que fica na região metropolitana de São Paulo. Ela também falou sobre os desafios de manter a saúde das gestantes em meio à pandemia.

“O setor materno infatil atua diretamente na redução da mortalidade infantil, materna e fetal e, por isso, é responsável pelo o monitoramento constante e ações de promoção e prevenção de saúde”, explicou.

“Após a pandemia, o município estabeleceu como ação o contato telefônico com gestantes de risco e com famílias de crianças de risco”, conta. Além disso ,também tem sido realizado contato com puérperas até o 10 dia de vida da criança e uma busca ativa das gestantes e crianças faltosas, bem como acompanhamento do planejamento familiar.

Como forma de estar atentos às medidas necessárias sobre cuidados durante a pandemia, Adriana conta que a equipe do município tem particiapdo do Comitê Regional de Vigilância de Óbitos que passou a ser online, do Comitê de Investigacão de mortalidade municipal, além de monitorar por whatsapp as gestantes que passam por intercorrencias.

 

Nantes

Betina Jacomelli, da Secretaria de Saúde do Munícipio de Nantes foi incisiva ao dizer que o mais importante neste momento é a qualidade e empenho do trabalho dos profissionais de saúde.

O município de Nantes tem observado queda no número de casos e Betina aproveitou para trazer exemplos de casos de pacientes que foram desafiantes para a equipe de saúde do município em meio à pandemia.

“Houve uma gestante que iniciou o pré-natal no momento crítico, logo no início da pandemia e soubemos do caso de sífilis. O pai morava em outro municipio e começou nosso empasse, porque havia necessidade do desloamento e ele não tinha confiança na equipe de saúde do munipio em que ele vive. Por fim, depois de muito trabalho conseguimos que ele comparecesse as nossas unidades para fazer os exames”, conta.

“Quanto mais nos dedicarmos, mais a gente pode atingir a qualidade do pré-natal e do atendimento. Quanto mais profissionais envolvidos e efetivamente compromotedidos, a gente vai conseguir reduzir a sífilis congênita”, concluiu.

 

Taguaí

 

Giovana de Andrade, coordenadora da Atenção Básica do municipio de Taguaí, explicou que houve uma reogranziação dos processos de trabalho com estratificação de risco, bloco de horas com 5 pacientes por hora, grupos de famílias grávidas, pré-natal do homem e busca ativa.

“Trabalhamos com educação continuada de nossos agentes. Além disso, com um simples formulário conseguimos fazer o monitoramento da saúde da gestante.”

“Com a pandemia, esses antedimentos ficaram difíceis de ser mantidos, o que trouxe medo e insegurança. Por isso, colocamos atendimentos dos grupos crônicos, mantivemos as unidades em horário estendido, além da captação e busca ativa”, explica.

Nesse sentido, Giovana afirma que o horário estendido foi uma experiência que deu muito certo, porque a gestante consegue vir depois das 17h e ainda trazer o parceiro, o que era uma dificuldade mesmo antes da pandemia.

Outro item que também apoiou o enfrentamento à sífilis foi o uso da tecnologia, principalmente SMS e whatsapp, com grupos virtuais de orientação para gestantes.

 

Mais Informações

Dados preliminares de 2020, até junho, indicam que a doença já atingiu cerca de 1,3 mil crianças em SP.

O último dia de evento, na quarta-feira (28) será dedicado a perguntas e respostas. Para acessar clique aqui.

 

 

Jéssica Paula (jessica@agenciaaids.com.br)