Movimento social exige e aguarda retratação pública do presidente Bolsonaro sobre inverdades ditas em live

Os senadores aprovaram nessa terça-feira (26), um pedido de retração pública do presidente sobre a fala dita em sua última live, no dia 21, na qual afirmou que a vacina provocaria o vírus da aids em quem recebesse a imunização. Várias redes sociais derrubaram os vídeos por fake news.

Ativistas brasileiros se manifestaram a favor do pedido de retratação, já que a fala reforça estigma e preconceito.

Toni Reis, presiente da Aliança Nacional LGBTI+: “Estou trabalhando com HIV/aids desde os primeiros casos da doença em Curitiba. Fiquei muito triste, indignado, porque há uma liturgia do cargo da presidência da república. É a autoridade máxima e eu respeito esse posto. Então a gente tem que ter um trato para que ele seja muito bem assessorado. Quem exerce uma posição como essa, de grande poder de influência, ler uma notícia falsa. Isso desinforma e caracteriza uma influência muito ruim para algo onde já existe muito preconceito. Nesse sentido, acho fundamental que o presidente tenha a humanidade de se retratar. Ele tem que ter autocontrole. É importante as pessoas serem autênticas, mas nesse caso em específico, ele magoou muita gente. Muitas pessoas que vivem com HIV/aids, muitos que trabalham com prevenção, os pesquisadores, os profissionais dos SUS, até porque a informação é falsa e totalmente mentirosa.”

Drew Persi, ativista e youtuber: “O presidente Bolsonaro tem a obrigação de se retratar em relação ao comentário de que vacinas causam aids! Primeiro porque essa informação é totalmente equivocada, absurdo e negligente! Falando algo assim, em uma live, com milhões de pessoas assistindo pela internet, ele reforça estigmas, preconceitos, tabus, em relação ao HIV e aids, e além disso, mais uma vez , reforça o movimento absurdo antivacina, atrasando ainda mais o processo de imunização da população brasileira! Mais uma vez, ele torna-se criminoso com uma fala desse tipo!”

Micaela Cyrino, artista e ativista: “É ate complicado exigir a retratação do Presidente… Mas nos exigimos a retratação. O movimento aids contribuiu muito pela consolidação do SUS e na garantia de diretor a saúde pública para muitas pessoas. É inacreditável que esse cara tenha tanta autorização para sair passando informações erradas e preconceituosa. Esse tipo de ação só contribui pra criminalização das pessoas soropositivas. E para o enfraquecimento do momento com tantas conquistas. Sabemos muito bem as vias de infecção para o HIV. E o quanto as vacinas tem tido um papel muito importante na história do Brasil. Não aceito que esse cara ainda esteja no poder.”

Beto Volpe, ativista, jornalista e escritor: “Como diz a primeira lei de Murphy, as coisas sempre podem piorar. Não bastasse o negacionismo em torno da epidemia de Covid-19 e tantas outras fake news sobre qualquer tema relevante o mandatário chefe da Nação agora diz que a vacinação completa acelera o desenvolvimento da aids. Pois eu tomei a segunda dose da vacina em agosto e acabo de receber os resultados de meus rotineiros exames de sangue, onde minha imunidade está em níveis normais e o HIV permanece indetectável há sete anos. Já que ele defende a Lei da Mordaça, que seja colocada uma no próprio presidente, pois o mesmo, além de fortalecer os estigmas e preconceitos em torno da aids, representa uma ameaça à própria humanidade.”

Fabiana Oliveira, Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas: “Vacinas não causam aids, ponto! Esse presidente têm prestado um grande desserviço à humanidade disseminando mentira de tamanha gravidade e pior, não é a primeira vez. Essa atitude só aumenta o estigma e a discriminação relacionados ao HIV, se não bastasse o que as pessoas que vivem com HIV/aids já enfrentam. Como já escrevemos num documento repudiando esse crime, ele deve não apenas se retratar mas ser punido pelas falas carregadas de preconceito, pelas mortes na pandemia da covid-19, pelo desrespeito a Constituição e tratados, enfim. Impeachment é o mínimo.”