O Grupo Mulheres do Brasil promoveu, nessa quarta-feira (2), o Fórum Agora É SUS, com objetivo de discutir e mostrar à sociedade os pontenciais do sistema, seus desafios e as possibilidades de transformação para melhoria.

O Mulheres do Brasil é um grupo que conta com mais de 70 mil mulheres e a iniciativa, promovida pelo Comitê de Saúde, buscou fazer com que as pessoas conheçam a dinâmica de atuação e origem do SUS, abordar a valorização do sistema, de seus profissionais e os gestores públicos, e defender o direito constitucional de acesso à saúde pública para todos.

“É possível que muitas pessoas ainda não tenham a dimensão do trabalho que a nossa organização exerce. Por meio de nossos estudos, estamos contribuindo junto ao governo para o desenvolvimento de uma Política de Estado específica para o SUS que seja universal, integral, igualitária e pública,” explica Marisa Cesar, CEO do Grupo Mulheres do Brasil.

“O SUS é um patrimônio nacional que precisa ser defendido por todos”, disse a Presidente do Grupo Mulheres do Brasil, Luiza Helena Trajano. “Temos o melhor sistema de saúde público do mundo, com ações que são referências inclusive para outros países. Faremos uma grande campanha de conscientização para que a população conheça e entenda com profundidade o SUS, contribuindo para que ele seja ainda mais eficiente”, enfatiza.

De acordo com a Dra. Glória Brunetti, médica infectologista e líder do Comitê de Saúde do Grupo Mulheres do Brasil, mesmo com os impactos que o SUS vem sofrendo, como cortes de verbas ou recursos que não são bem aplicados, ele continua sendoreferência mundial em atendimento integral de saúde.

“Mas queremos que ele seja muito melhor. E isso é possível estruturando a sua governança, com uma gestão clara e ágil – digitalizando todos os dados dos usuários, por exemplo”. E essas propostas são algumas das contribuições que o grupo pretende dar com essa campanha de discussão e fortalecimento do SUS, explica a médica.

Realidade do SUS

Entre os inúmeros serviços disponibilizados à população pelo SUS, Glória ressalta o sistema de doações de órgãos, as vacinações, os bancos de sangue, o Programa de HIV/aids e a Estratégia da Saúde da Família (ESF).

Pra Luiza Tranjano, o Brasil está em uma fase em que “não adianta mais só fazer diagnóstico e reclamar. A gente tem que se perguntar: o que eu posso fazer para o SUS funcionar do jeito que tá na constituição. Essa é nossa luta.”

Do Instituto de Doenças Tropicais Natan Portella, no Piauí, Elna do Amaral falou sobre sobre as doenças infecciosas que ainda estão presentes no Brasil e as dificuldades diante da pandemia do coronavírus. “A carência de leitos de UTI são um dos principais desafios. Mas existem uma série de limitações, existe realmente um subfinanciamento do SUS. Uma ressonância magnética, por exemplo, custa 800 reais, mas o SUS repassa para o hospital apenas 200 reais. Existe, por isso, uma gama de outras fontes de recursos que o hospital precisa para dar continuidade às atividades.”

O médico Paulo Carrara falou sobre as mudanças que aconteceram no Brasil à partir do ano de 1988, desde a criação do SUS. Ele lembrou que agora as pessoas vivem mais tempo, em média 15 anos a mais, e temos doenças que não existem mais em nosso repertório, como a rubéola, por exemplo. “Temos hoje alguns programas do SUS que são dirigidos diretamente a problemas sérios, como assistência a doenças crônicas, que precisam de atenção contínua, como o programa de aids por exemplo. Se não fosse o SUS, isso não haveria.”

“Mas ainda temos problemas sociais sérios. Temos que evoluir do ponto de vista de articulação entre governo federal, governos estaduais, municipais e a sociedade civil”, defende.

A procuradora do Ministério Público de Contas do Estado de São Paulo, Elida Pinto lembrou que a redação original da constituição previa que 30% do orçamento da seguridade social deveria ir para o SUS, o que representa o dobro do orçamento atual disponível para o Ministério da Saúde. “Então é preciso pensar em estruturar, de fato, carreiras sistemáticas para o SUS. Por que os Tribunais de Contas e os Ministérios Públicos conseguem se estruturar? Porque têm carreiras estruturadas ao longo de muito tempo. A área da saúde tem uma rotatividade muito grande.”

A moja Coen também participou do Fórum e falou que o número de mortes durante a pandemia não foi maior graças ao SUS. Ela contou sobre sua experiência ao ser atendidade anos atrás no Hospital Emílio Ribas, em São Paulo. “Chorei pela ternura com que fui recebida, pelo atendimento respeitoso, pelos banhos quentes que tomei durante as manhãs em que fiquei internada. O SUS restaura a dignidade de um ser humano. Quando ficamos doentes, ficamos muito vulneráveis e precisamos de atendimento de respeito e dignidade. Insisto para que os governos invistam no SUS.”

 

 

Dica de entrevista

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Jéssica Paula (jessica@agenciaaids.com.br)