Os bons resultados da pesquisa brasileira sobre cura do HIV continuam repercutindo entre especialistas no Brasil e no mundo. Liderados pelo infectologista Ricardo Diaz, pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) afirmaram ter conseguido, pela primeira vez por meio de medicamentos, eliminar o HIV do organismo de um paciente soropositivo. O homem, um brasileiro de 34 anos diagnosticado com o vírus em 2012, é o primeiro caso em todo o mundo de um paciente que passa a ter o vírus indetectável, e por um longo prazo, depois de tomar um coquetel intensificado de vários remédios contra a aids. O estudo foi apresentado na 23ª Conferência Internacional de Aids.

Segundo Dr. Ricardo Diaz, diretor do Laboratório de Retrovirologia do Departamento de Medicina da Unifesp, esse é um passo importante, mas que ainda há uma caminhada longa pela frente. “Ainda não sabemos se ele está curado. Vamos refazer a pesquisa, usando os medicamentos que observamos que funcionaram melhor, e com um novo grupo de pacientes”.

Médicos que são referência na luta contra aids no Brasil comemoraram os resultados. Perguntamos a eles como receberam a notícia. Dr. Pedro Chequer, ex-diretor do Programa Nacional de DST/Aids, disse que “qualquer pesquisa cientificamente fundamentada que apresente bons resultados no tratamento da infecção pelo HIV deve ser saudada efusivamente. Todavia, trata-se de um resultado isolado que necessita ser reproduzido em outros estudos envolvendo um número maior de pacientes. Grandes avanços têm ocorrido na área de tratamento, ainda não podemos vislumbrar a cura da aids.” Na opinião da Dra. Zarifa Khoury, médica infectologista do Instituto Emílio Ribas e do Programa Municipal de DST/Aids de São Paulo, “as pesquisas estão evoluindo cada vez mais no combate ao vírus e na potencialização da resposta imunológica do ser humano a este vírus.” O médico Dr. Fábio Mesquita, da OMS, destacou que “este estudo vem sendo conduzido com muita dedicação de um brilhante pesquisador brasileiro Dr Ricardo Diaz e sua equipe e nos enche de esperança de um futuro promissor.”

Confira a seguir o que dizer os especialistas sobre o assunto:

Dr. Pedro Chequer, epidemiologista e ex-diretor do Programa Nacional de DST/Aids: “Qualquer pesquisa cientificamente fundamentada que apresente bons resultados no tratamento da infecção pelo HIV deve ser saudada efusivamente. A Unifesp é uma instituição séria, com tradição no tratamento. O Ricardo Diaz é um nome respeitado no meio cientifico e de grande experiência na área. Todavia, trata-se de um resultado isolado que necessita ser reproduzido em outros estudos  envolvendo um número maior de pacientes. Grandes avanços têm ocorrido na área de tratamento, ainda não podemos vislumbrar a cura da aids. As medidas de prevenção se fazem necessárias como se estivéssemos no primeiro dia da epidemia.”

Dra. Maria Clara Gianna, coordenadora-adjunta do Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo: “Temos um caminho a ser percorrido, mas é fundamental que continuemos a ter investimento para que se alcance a cura. Recursos destinados para pesquisas continuam sendo necessários.”

 

 

Dr. Robinson de Camargo, do Programa Municipal de DST/Aids de São Paulo: “Este caso apresentado pelo Ricardo Diaz é bastante animador e pode ser que lance luz para terapias mais potentes que realmente possam eliminar o HIV. Porém, há sempre um porém, devemos ter bastante cuidado, foi só um caso, então vai aqui um recado para as pessoas vivendo com HIV/aids – nada de sair tomando vitamina B3 e antirretrovirais por um período e abandonar o tratamento achando que está curado.”

 

Dr. Luiz Carlos Pereira Júnior, diretor do Instituto de Infectologia Emílio Ribas: “O Ricardo é um gênio!! Estou acompanhando esse estudo desde o começo e torço para que o resultado se repita com outros pacientes.”

 

Dr. Fábio Mesquita é médico, membro do corpo técnico do Departamento de HIV e Hepatites Virais da OMS, atualmente em Myanmar: “Este estudo vem sendo conduzido com muita dedicação de um brilhante pesquisador brasileiro Dr. Ricardo Sobhie Diaz e sua equipe e nos enche de esperança de um futuro promissor! Apresentando ao mundo na semana em que muitas outras inovações vieram a luz durante a Conferência de AIDS2020 reforçando a importância da ciência na luta contra esta e outras Pandemias em curso. Ainda não é conclusivo, mas é um enorme passo à frente.”

Dra. Adele Benzaken, diretora médica sênior global da AHF: “Demonstração de que o Brasil tem pesquisa impactante para a resposta global. Num país onde a pesquisa é tão desvalorizará na atualidade .Parabenizo o colega Ricardo Diaz pela persistência e visão para fim da Aids!”

 

 

Dr. Arthur Kalichman, coordenador-adjunta do Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo: “Sim, com certeza. Ainda que não seja a cura nesse momento, abre caminho para novas possibilidades pois pode ser a prova de um conceito de como chegar lá. Tomara que as novas pesquisas que serão feitas pelo Ricardo e pela equipe da Unifesp avancem ainda mais na direção da cura e posam chegar lá.”

 

Dra. Zarifa Khoury, médica infectologista do Instituto Emílio Ribas e do Programa Municipal de DST/Aids de São Paulo: “Acho que as pesquisas estão evoluindo cada vez mais no combate ao vírus e na potencialização da resposta imunológica do ser humano a este vírus.”

 

Dr. Marcos Vinicius, infectologista e idealizador do canal Dr. Maravilha: “Entendo como um caminho mais tangível e que pode sim beneficiar mais pessoas, mas não todo mundo. Como os únicos casos de cura até então foram de pós transplante de medula óssea (arriscados e impraticáveis em larga escala), um método como este pode ser uma saída.”

 

Dr. Rico Vasconcelos, médico infectologista do Ambulatório especializado em HIV do Hospital das Clínicas de São Paulo: “Claro que tenho esperança, todos queremos que a cura chegue logo, mas recebo a notícia desta pesquisa com um pouco mais de cautela do que as redes sociais e os jornais. Não dá nem mesmo para dizer que este cara foi curado do HIV, são necessárias algumas etapas. Este estudo foi bem questionado na Conferência Internacional de Aids. O Dr. Ricardo Diaz ainda não fez biopsia nos reservatórios de medula óssea, testículos, cérebro, como os outros pacientes curados fizeram. Claro que os resultados são bons, mas existem algumas etapas antes de dizer que foi curado.”

Dr. Carué Contreiras, médico sanitarista do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids de São Paulo: “Tenho esperança e precaução. Lembro do caso do bebê de Mississipi que ficou muito tempo em remissão e depois de anos o vírus voltou a se multiplicar. Só de conseguir fazer a remissão já aponta alguma coisa, principalmente porque está interferindo nos vírus que estão nos reservatórios.”

Redação da Agência de Notícias da Aids