Em um Dia Mundial de População marcado pela pandemia da Covid-19, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) alerta para a necessidade de proteger mulheres e meninas, sobretudo em relação à violência baseada em gênero.

De acordo com a diretora-executiva do UNFPA, Natalia Kanem, o progresso global para colocar um fim às diversas agressões contra mulheres deve sofrer sérios retrocessos em meio à pandemia, de pelo menos um terço. Além disso, o acesso à saúde sexual e reprodutiva, como pré-natal e contraceptivos, também está ameaçado. O Dia Mundial de População é lembrado no sábado (11).

De acordo com uma pesquisa recente do UNFPA, se as medidas de isolamento social e interrupção de serviços relacionadas à pandemia durarem por seis meses, 31 milhões de casos adicionais de violência contra a mulher podem ser esperados, e 47 milhões de mulheres em 114 países de renda média, incluindo o Brasil, podem ficar sem acesso a métodos contraceptivos modernos. Isso implicaria em 7 milhões de gestações não intencionais.

A violência de gênero e a ameaça aos direitos de mulheres e meninas, especialmente os direitos reprodutivos, são consideradas pelo UNFPA “a pandemia dentro da pandemia”.

Por isso, é essencial que governos e sociedade enxerguem essas vulnerabilidades, segundo o UNFPA. “Nenhuma organização ou país pode fazer isso sozinho. A pandemia é um lembrete severo da importância da cooperação global”, disse Kanem, em pronunciamento oficial.

“Mensagens públicas positivas sobre equidade de gênero, desafiando estereótipos de gênero e normas sociais nocivas podem reduzir o risco de violência. Nisso, homens e meninos podem e devem ser aliados fundamentais”, completou. “Saúde sexual e reprodutiva é um direito e, assim como as gestações e os partos, os direitos humanos não param durante pandemias.”

No Brasil, o UNFPA também atua em parceria com governos e a sociedade civil para frear o impacto da Covid-19 entre as pessoas em situação de maior vulnerabilidade, com enfoque na prevenção da violência contra mulheres e na disponibilidade de serviços de saúde sexual e reprodutiva.

“Esse é o momento em que precisamos redobrar todos os nossos esforços e trabalhar que as desigualdades, que são evidenciadas pela pandemia, não sejam um obstáculo para a garantia de direitos de todas as pessoas”, afirma Astrid Bant, representante do UNFPA no Brasil.

Fonte: ONU Brasil