O grupo de pesquisa do Núcleo de Aids e Doenças Sexualmente Transmissíveis (NAIDST) , vinculado à Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-Universidade de São Paulo (EERP-USP), analisou os primeiros cinco anos de acesso à terapia antirretroviral em pacientes que vivem com HIV. Os dados iniciais apresentados durante o XXII Congresso Brasileiro de Infectologia (Infecto 2021) mostraram que houve alterações significativas nas atividades metabólicas desses pacientes.

Com objetivo de “verificar a ocorrência e os fatores predisponentes para alterações metabólicas entre pessoas que vivem com HIV nos primeiros cinco anos de uso da terapia antirretroviral”, o material enviado para o congresso é fruto do estudo piloto com 30 pessoas.A coleta dos dados foi finalizada no mês de dezembro de 2021. Foram incluídas 121 pessoas que vivem com HIV e os resultados completos estarão disponíveis em Janeiro.

Das 30 PVHIV, 73,33% eram do masculino, 46,66% com ensino médio completo, 70% pardos e 70% heterossexuais.

O trabalho faz parte da pesquisa de doutorado em de Christefany Costa e colegas do Programa de Enfermagem Fundamental da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto.

 

Em cinco anos, a pesquisa identificou que essa é a quantidade média de avaliações:

Foram realizadas 6,76 avaliações da pressão arterial

7,63 avaliações de peso

3,6 avaliações de colesterol

3,63 avaliações de glicose

3,2 avaliações de triglicerídeos.

Em cinco anos de uso da TARV houve aumento de:

30% da pressão arterial

73,33% no peso

66,66% do colesterol total

70% dos triglicerídeos

53,33% da glicose

 

A pesquisa

O seguimento de 5 anos foi realizado por meio do prontuário em um serviço especializado no nordeste brasileiro.

Este é um estudo quantitativo, realizado na cidade de Maceió e por meio de consulta aos prontuários de pessoas vivendo com HIV acompanhados em um serviço de atendimento especializado entre 01 janeiro de 2014 a 31 de dezembro de 2019.

Foram coletados dados sociodemográficos, comportamentais e clínicos dos usuários do local. Além disso, a pesquisa abrangeu pessoas de ambos os sexos, maior de 18 anos, em acompanhamento no serviço de referência, com diagnóstico do HIV em 2014, e que nunca haviam tomando antirretrovirais anteriormente.

A autora do estudo junto a seus colegas, defendeu que “embora a literatura científica apresente estudos que evidenciem a grande prevalência de alterações metabólicas em PVHIV e consequente aumento do risco cardiovascular, na enfermagem, estudos que acompanham o comportamento dessas alterações, ainda são incipientes, sobretudo no nordeste brasileiro.”

“Assim, faz-se necessário a realização de estudos que possam subsidiar a prática clínica do enfermeiro com foco na identificação, prevenção e tratamento das alterações metabólicas em pessoas que vivem com o vírus.”

Necessidade de mais estudos

Segundo os autores, “o delineamento proposto na pesquisa tornará possível o conhecimento de fatores associados as alterações metabólicas nessa população desde o início do tratamento com a TARV.”

“Quanto mais informações eficazes estiverem à disposição dos enfermeiros, melhores serão as estratégias de prevenção de doenças e promoção da saúde dos pacientes e possíveis intervenções.”

Os pesquiadores ressaltaram ainda que, “a etiopatogenia das doenças metabólicas na população vivendo com HIV/aids tem sido descrita como complexa e multifatorial. Já que, por um lado, existe a exposição a um processo inflamatório crônico decorrente da infecção pelo HIV.”

“No entando aumento da expectativa de vida também favoreceu a uma maior exposição aos fatores ambientais e relacionados ao envelhecimento. Assim, comorbidades metabólicas passaram a coexistir entre as pessoas que vivem com o HIV.”

Jéssica Paula (jessica@agenciaaids.com.br)