A Drag Queen Dindry Buck, personagem vivida pelo publicitário, ator e maquiador Albert Roggenbuck, está comemorando 25 anos de carreira com o lançamento do documentário “Transformando – A arte Drag contada através da história da maquiagem’’. O longa conta a história da arte Drag Queen a partir da maquiagem e faz uma viagem no tempo para relembrar o surgimento do primeiro produto de maquiagem de que se tem notícia, o Khol. Este cosmético era usado pelos faraós e sacerdotes no antigo Egito. O filme traz também a história da Hatshepsut, uma mulher que teve que usar elementos considerados masculinos para reinar absoluta durante 22 anos no Egito.

O documentário, que tem o apoio do ProAC, nasceu para mostrar como a maquiagem e a arte da transformação andam juntas e misturadas. Do teatro Grego ao Kabuky; passando por William Dorsey, a primeira Drag Queen que se tem notícia no mundo; Darwins, o primeiro “imitador do belo sexo” no Brasil; a pequena notável Carmem Miranda, referência no universo Drag até os dias de hoje; Miss Biá, grande referência Drag no Brasil; Dzi Croquetes e Ney Matogrosso; a cultura Ballroom nos Estados Unidos; a arte Drag fazendo história na TV brasileira.

“Transformando é um registro sobre transgressão, resistência, contestação, irreverência. A arte da transformação é parte fundamental na história da humanidade”, disse Dindry, afirmando que hoje é possível viver da arte drag. “Ser drag se tornou uma profissão, hoje você ganha dinheiro, vive e sobrevive.”

Mas afinal, o que é drag queen? De acordo com especialistas, é um(a) artista que usa roupas e elementos como peruca e maquiagem, frequentemente do gênero oposto, para fins de entretenimento. Não tem nada a ver com identidade de gênero ou orientação sexual: qualquer pessoa, homo, hétero ou bissexual, cis ou transgênera, pode ser uma drag queen (ou drag king, como são chamadas as mulheres com personagens masculinos). A palavra provém do polari, um dialeto inglês do século 19, que mais tarde passou a ser usado pela comunidade LGBT. Há quem diga que “drag” é um acrônimo para “dressed as a girl” (“vestido como uma garota”), supostamente presente em roteiros de teatro antigos, para orientar o diretor da peça.

Resgate histórico

Dindry Buck reuniu neste documentário a potência da história Drag no mundo, a fim de contribuir com os registros históricos do movimento, “para que não voltemos a ter uma sociedade maciçamente intolerante, presenteando as próximas gerações com a disseminação de informações apropriadas acerca de toda sua potência, poder de transformação e o que ela representada para o mundo. A arte Drag é linda e encanta as pessoas.”

A artista considera que o movimento Drag Queen é sinônimo de resistência e liberdade. “Além de ser contestador, não te limita aos estereótipos e contesta valores morais impostos por uma sociedade machista, patriarcal e LGBTfóbica que renega e oprime tudo o que é feminino. Pelo contrário, essa arte defende a ideia de que é possível ser o que quiser ser. Nós viemos para contestar e destruir padrões. Seja a drag que opta pela questão de exageradamente ter os elementos femininos em seu corpo ou a drag que traz a questão da androgenia, que não revela o que é masculino ou feminino, frente à uma sociedade que impõe rótulos do que é certo ou errado.”

Dindry ainda explorou o poder que a arte Drag Queen representa, em especial, no audiovisual, que segundo ela por muito tempo negligenciou produções como essa. Desde que surgiu a vontade de ser Drag, Dindry sonhava om deste documentário. “A minha Drag começou no teatro, depois fui trabalhar na noite e quando migrei de casa noturna, o dono me propôs que fizesse um manual sobre a estreia de um espetáculo. Foi um sucesso, vieram Drags do Norte, Nordeste… Ali foi o primeiro contato que tive com a questão de registrar, tempos depois veio a Associação da Parada LGBT+ de São Paulo propondo que eu criasse uma oficina. Em 2021, surgiu o ProAC para realizar uma vídeo aula sobre qualquer tema. Foi neste momento que a ideia do documentário começou a ganhar forma.”

“Convido todos, todas e todes a assistirem o filme. A história é contada de uma forma linda, mágica, rica, colorida, divertida e alegre. Foi tudo feito com muito amor e carinho, divirtam-se”, finalizou Dindry Buck.

Assista o filme a seguir:

Kéren Morais (keren@agenciaaids.com.br)

Dica de entrevista

Dindry Buck

E-mail: dindry@gmail.com