Natural do Recife, 27 anos, desenvolvedor de softwares e consultor, Fernando Fernandes tem 8 anos de experiência em sua área e um ideal : “Eu acho que a frase que mais me define é… não quero passar pelo mundo sem ter deixado alguma coisa de positivo”. A situação que a pandemia trouxe a todos nós, com o isolamento social que não sabemos, na realidade, quanto tempo vai durar, e as muitas notícias ruins que o vírus tem trazido desde que a cidade chinesa Wuhan, epicentro da pandemia de coronavírus, virou manchete e povoou nosso imaginário, até que o vírus se alastrasse e chegasse aos diferentes cantos do planeta, foi o álibi perfeito para que ele arregassasse as mangas e partisse para implementar um projeto único e lúdico no mundo: Good News Coronavírus. A plataforma virtual já alcançou um milhão de acessos e oferece gratuitamente boas notícias que o mundo produz na luta contra o vírus que está paralisando o planeta.
A Agência Aids conversou com Fernando. Acompanhe a seguir:

Como surgiu a ideia de fazer um portal com notícias positivas sobre o coronavírus?

Surgiu no dia 18 de março. No meu trabalho nos liberaram para home office e eu tinha passado uma semana só vendo notícias ruins. O que acontece? Começou a influenciar negativamente meu desenvolvimento profissional, em minhas atividades, só ver notícia ruim diariamente. Decidi como regra consumir noticiário uma vez por dia porque estava me fazendo mal e me consumindo muito. Comecei a me questionar, “cadê as notícias boas, só tem as ruins? ” e comecei a pesquisar e buscar o outro lado. Passei a salvar esses links e compartilhar com meus amigos nas redes sociais para eles terem essa mesma tranquilidade olhando essas notícias. Pensei: por que não mostrar para mais pessoas? Foi assim que surgiu e lançamos no dia 20 de março que foi na sexta.

 

Quem lhe ajuda, como vocês buscam as informações?

Em relação às buscas, hoje em dia a gente faz manualmente. Eu mesmo faço e muita gente me manda também. Verificamos as fontes para não deixar passar nenhuma fake news, analisamos se o site que posta a notícia é confiável, procuramos em outros sites para ver se ela não está apenas em um site. Caso tenha sido divulgado em apenas um site, procuramos mais informações sobre o veículo, fundação, desde quando existe para ver a confiabilidade desta informação. Procuramos também se a informação foi divulgada em outros sites americanos. Além disso, tem mais pessoas que me ajudam a conferir as fontes das informações que publicamos.

Qual sua intenção em oferecer e criar um trabalho assim?

Eu sempre senti uma vontade forte de querer fazer o bem às pessoas. Só não sabia direito como. Comecei realizando trabalhos voluntários, comecei também a pegar meu trabalho como engenheiro de software para tentar ajudar as pessoas também em outros projetos. Aqui em Recife, eu mapeio instituições de caridade para que pessoas possam levar doações.
A pessoa informa o CEP de onde ela se encontra e recebe a indicação da instituição de caridade mais próxima. Esse projeto chamasse “Carita Job”. Considero importante a gente passar pelo mundo e fazer algo pelo próximo, deixar minha marca. Venho buscando tentar fazer isso através de ajudar as pessoas. Me sinto feliz pela quantidade de retornos que tenho recebido, do tipo, ” estava meio depressivo e agora fiquei melhor, passou a angústia que estava sentindo”. Para mim isso é realização de vida. Cheguei a um estágio que conseguimos impactar um número considerável de internautas. Estamos com 1 milhão de visualizações no site com esse trabalho. É a única coisa que ganho por ter feito esse trabalho, sabe?
Temos uma grande dedicação. O carinho e o impacto positivo que estamos causando nas pessoas é o valor do trabalho. Alcançamos mais de 1 milhão de visualizações na página. Tivemos apenas um e-mail criticando e dizendo que o pessoal iria achar que tudo bem, que estávamos no país das mil maravilhas. Deixamos claro que as notícias são boas e que o momento atual do Brasil é complicado e crítico e é para todo mundo ficar em casa.
Como tem sido para você o isolamento social, como tem lidado com essa nova forma de vida?
Estou há quase um mês sem colocar o pé para fora de casa. Está sendo difícil porque sou uma pessoa agitada: gosto de ir à academia, gosto de sair para correr, gosto de sair para encontrar meus amigos nos finais de semana. Tinha uma rotina agitada, sabe? Saia às 9 da manhã e chegava às 11 da noite. Mudou muito meu dia-a-dia. A sorte é que estou me ocupando bastante com este projeto. Meu trabalho me liberou para focar só nesse projeto devido a importância dele. Liberou a mim e a outros profissionais para me ajudarem a melhorar cada vez mais o projeto.
Tenho me ocupado o dia todo, o que tem me feito muito bem. Ainda bem que conseguimos desenvolver ele. Tenho mais três amigos que estão juntos no projeto: o Marciel Mello, a Rafaela Fernandes e o Daniel Barros. Além de colegas de trabalho, são pessoas de minha confiança e tem esta intenção de ajudar o próximo.Eu tive a ideia e todos apoiaram com suas especialidades profissionais, Rafa é designer, Maciel é desenvolvedor e Daniel é desenvolvedor também.
Maciel Melo, desenvolvedor no Good News Coronavírus
Daniel Barros, desenvolvedor no Good News Coronavírus
Rafaela Fernandes, designer no Good News Coronavírus
A Agência Aids fez uma parceria com Good News Corona Vírus e a partir desta sexta-feira passará a publicar uma notícia boa sobre a pandemia.
Confira a primeira reportagem a seguir:

Pacientes que superaram coronavírus doam plasma para salvar vidas

Diana Berrent deixou para trás sua quarentena pelo coronavírus e agora está ansiosa para se juntar à batalha contra a pandemia e doar seus valiosos anticorpos que, segundo os pesquisadores, poderão ajudar outros doentes com COVID-19.

Em 13 de março, a nova-iorquina acordou com febre de 38,9°C e a sensação de peso no peito, tornando-se uma das primeiras moradoras de Long Island a dar positivo para o coronavírus.

Esta semana, a fotógrafa de 45 anos também foi a primeira sobrevivente do coronavírus em seu estado a ser submetida a uma análise para ajudar a encontrar um tratamento para a infecção que matou mais de 53.000 pessoas em todo mundo.

O plasma é a parte líquida do sangue que concentra anticorpos após a doença. A dos pacientes curados já demonstrou ser eficaz, em estudos de pequena escala, contra doenças infecciosas como ebola, ou Síndrome Respiratória Aguda Severa (SARS).

A agência americana de medicamentos, FDA, aprovou os testes com plasma de convalescentes como tratamento contra o coronavírus, que já infectou mais de 245.000 pessoas nos Estados Unidos.

Os experimentos atuais não têm como objetivo encontrar uma solução milagrosa, esclarece Bruce Sachias, diretor médico do Centro de Coleta de Sangue de Nova York, encarregado de gerenciar as doações de plasma na primeira metrópole americana.

“Devemos estar cientes do fato de que ainda estamos em território desconhecido”, afirma.

Eldad Hod e Steven Spitalnik, especialistas em transfusão de sangue que fazem esses testes no Hospital Irving da Universidade de Columbia, também destacam a incerteza em torno desses experimentos.

Pensamos que, “entre sete e 14 dias após o início de uma infecção, as pessoas desenvolvem uma reação imune e acabam criando uma grande quantidade de anticorpos. Mas não sabemos exatamente quando ocorre o pico dessa criação”, explica o dr. Spitalnik.

Alguns dados sugerem que o pico ocorre 28 dias após a infecção, mas Spitalnik espera que sua pesquisa forneça uma imagem mais precisa do processo.

Cada doação de plasma poderia “salvar três ou quatro vidas”, de acordo com o Dr. Hod.

O objetivo é coletar plasma suficiente para os pesquisadores realizarem estudos formais, nos quais eles compararão a reação de pessoas que recebem anticorpos de pacientes curados de coronavírus com um grupo de controle que terá injetado plasma de pessoas que não sofreram da COVID-19.

Hod observou que os primeiros plasmas vão ser destinados “por compaixão” aos pacientes com COVID-19 que não participam do estudo, mas para os quais outros tratamentos foram ineficazes.

Os pesquisadores querem testar seu método em pacientes hospitalizados e como tratamento preventivo em ambientes vulneráveis, como casas de repouso.

Em tempos normais, realizariam ensaios clínicos mais controlados e com resultados mais sólidos. Mas “estamos em crise”, diz Spitalnik para justificar o caminho escolhido.

– “Ocasião incrível” –

Diana Berrent cruza os dedos e espera que esses testes possam salvar vidas. “Poderíamos ser super-heróis”, diz.

“Vivemos tempos sem precedentes e preocupantes, onde não controlamos nada, mas nós, os sobreviventes, podemos ajudar”, ressalta. “É uma ocasião incrível”.

A fotógrafa possui anticorpos suficientes no plasma para participar dos testes, mas agora está aguardando os resultados de um teste nasal para verificar se não tem traços do coronavírus, uma condição necessária para que o sangue seja usado em pesquisas.

O grupo “Survivor Corps”, que já tem 17.000 membros, foi aberto no Facebook para mobilizar os sobreviventes da epidemia que desejam compartilhar sua imunidade.

Centenas de pessoas curadas já ofereceram sua ajuda em Nova York, o epicentro da pandemia nos Estados Unidos, com quase 100.000 casos, segundo o dr. Sachias.

Se o processo for eficaz, será realizado em outros centros de transfusão, explica o pesquisador.

Um hospital de Houston, Texas, já tentou transfundir plasma de um paciente curado para outro gravemente doente, mas ainda é muito cedo para saber sua eficácia.

Para Hod, um dos lados positivos da pandemia é que ela está impulsionando a colaboração entre pesquisadores de todo mundo, que nunca compartilharam seus dados tão abertamente como agora.

“Muitos na comunidade científica tentam deixar de lado o ego (…) e trabalham juntos pelo bem comum. Acho que a ciência vencerá no final”, completou.

Dica de entrevista
Good News Coronavírus
E-mail: thegoodnewscoronavirus@gmail.com
Roseli Tardelli