Desenvolvimentos científicos, tecnologias adaptadas e novos modelos colaborativos evoluíram rapidamente desde que a Covid-19 foi identificada. É para discutir essas mudanças e os próximos desafios diante da doença que se reuniram cientistas líderes na resposta à pandemia durante a primeira conferência sobre o tema, a Covid-19: Virtual ,que aconteceu nessa sexta-feira (10) e sábado (11) e foi organizada pela Internacial Aids Society (IAS). Eles utilizaram suas experiências na saúde pública e no enfretamento a doenças como ebola e o HIV para trabalhar no combate ao coronavírus.

O Dr. Anthony Fauci, do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, disse que o desenvolvimento de uma vacina contra o coronavírus deve ser benéfico para todos os países. “Trata-se de uma responsabilidade para todo o planeta, não é apenas para os países que estão pesquisando a vacina. As empresas com as quais o governo dos Estados Unidos está trabalhando já estão em discussão para começar a preparar centenas de milhões de dose”. Algumas empresas prometem um bilhão de doses de uma vacina dentro de um ano ou mais”, disse.

Dr. Anthony acrescentou que provavelmente há vários tipos de vacinas para o vírus e que funcionam de maneiras diferentes. “Uma vacina de mRNA, por exemplo, foi uma que os pesquisadores conseguiram decolar rapidamente”, disse ao explicar que esse tipo de vacina usa material genético para ensinar às células como se defender contra o coronavírus.

A Dra. Deborah Birx, coordenadora da Força-Tarefa de Coronavírus da Casa Branca, observou a importância de encontrar casos assintomáticos.

“Isso é algo que foi feito extraordinariamente bem no HIV, onde você tem que encontrar indivíduos assintomáticos para impedir a disseminação da comunidade”, disse ela. “Este é o mesmo princípio nesta doença respiratória.”

Os desafios de uma doença nova

“A situação que estamos enfrentando nos Estados Unidos é significativa e séria, pois temos comunidades espalhadas em áreas onde muitos desses indivíduos estão sem sintomas. Isso está complicando a nossa tarefa”, afirmou Dr. Anthony.

O professor Salim Abdool Karim, do Centro de Pesquisa sobre Aids  em Durban, na África do Sul (CAPRISA), falou sobre como os cientistas ainda estão tentando entender como o vírus realmente se espalha. Se é pelo contato físico, pelo ar, a curtas ou pequenas distâncias, por exemplo. “Ainda há muito o que não entendemos. Mas estudos científicos mostraram que o ar condicionado são uma ferramenta que contribui para espalhar o vírus”, disse. 

Além disso, Salim ressaltou que os protestos contra o racismo que se espalharam pelos Estados Unidos era uma preocupação devido à possibilidade de fazer com que a doença se espalhasse ainda mais. No entanto, isso não aconteceu, o que levantou muitas dúvidas entre os cientistas. “A biologia e a epidemiologia ainda busca entender tudo isso”, disse.

Salim citou uma pesquisa canadense que estou esse caso, evidenciando que três e quatro semanas após os protestos, os números aumentaram em apenas 19 casos. Neste cenário se cogita que o vírus não sobreviva bem em ambientes externos. “Isso faz com que a gente concentre nossas preocupações nos ambientes fechados. Vamos aprender mais quanto mais estudos fizermos.”

 

Jéssica Paula (jessica@agenciaaids.com.br)