Nesta segunda-feir (26), a coluna “Senta aqui, com Marina Vergueiro” recebeu Dora Figueiredo, apresentadora, nascida e vivendo em São Paulo, que escolheu falar sobre relacionamento, sexualidade e autoestima na internet por saber que poderia abordar alguns temas considerados tabus, de forma leve, educativa e divertida.

Durante o bate-papo, Dora falou sobre sua infância, adolescência e o processo de compreensão sobre sua vida sexual. “Eu matava aula de matemática para estudar biologia, sempre tive muita curiosidade e fui muito atrás sobre entender o corpo humano.”

Marina questionou as dificuldades que a mulher tem para impor limites nas relações sexuais, principalmente com os homens. Dora respondeu que as referências de pornografias, de violência geraram uma romantização de um processo que, na verdade, é tóxico. “Hoje eu aprendi o que é a pornografia e é um meio muito tóxico para a mulher. Eu não consumo e tento evitar ao máximo, mas há outras formas de consumir esse tipo de conteúdo, com mulheres que produzem isso de forma autoral.”

“Um cara que se recusa a fazer teste para HIV ou a usar camisinha, não é um cara que te ama”, disse Marina. Nesse sentido, para Dora, tirar a camisinha no meio do sexo, ou forçar uma relação sem preservativo, por exemplo, é um tipo de violência sexual. “As pessoas estão sujeitas a viverem relacionamentos abusivos. Principalmente quando falamos de relacionamentos héteros, a camisinha fica muito na responsabilidade do homem. A gente se questiona, ‘como vou falar que não quero?’, a gente tem medo de pedir pra parar, temos vergonha. É um direito seu, básico. A gente sabe que muitas mulheres contraem ISTs porque acreditam nas ideias de relações monogâmicas de relacionamentos que não fazem bem”, disse Dora.

Para Marina e Dora o preservativo interno, também conhecido como feminino é uma boa saída para esse cenário.

O medo da testagem

Marina afirmou que depois de conhecer seu status sorológico e saber que vive com HIV, se sentiu mais confiante ao se tornar indetectável e que não tem problemas em falar sobre sua sorologia com seus parceiros. “O estigma ainda é muito forte, é importante a gente se testar sempre e conhecer nossa sorologia.”

“Acho estranho as pessoas que tem esse conhecimento sobre testagem e mesmo assim não se testam. Entendo que pode dar um frio na barriga, mas é um benefício para a pessoa. Por isso, ao menos uma vez por ano eu faço todos os testes.”

O bate-papo ainda reforçou a importância das profilaxias pré e pós exposição, o que se torna mais um fator importante para conhecer a própria sorologia e, se possível a da pessoa com quem você está tendo relações sexuais. Para isso, Marina lembrou o direito ao sigilo que toda pessoa vivendo com HIV detém.

Para Marina, estigma e preconceito são as razões pelas quais as pessoas não se testam. “Eu mesma me sentia suja, porque foi falado que era assim. As pessoas têm medo de descobrir o HIV porque existe a imagem de que é errado, que é sujo, impuro.”

 

Saúde Mental e Afetiva

“Muita terapia”, disse Dora ao ser questionada sobre como lidar com saúde mental. “Não tem jeito melhor do que se conhecer. Autoconhecimento é uma busca constante. É um processo que faz desde fazer um esporte que você gosta, me abro muito com meus amigos, conversando com outras pessoas. Sou alguém que preciso ter meus momentos, de ficar sozinha. Você vai aprendendo a olhar pra dentro, comecei a cuidar de plantas, coisas que as vezes a gente não dá bola, mas o mais importante é ser sincero com você mesmo e com os outros.”

Durante a pandemia, o desafio para Dora foi durante os primeiros 4 meses de pandemia que passou sem ver ninguém. “Aos poucos fomos aprendendo a lidar melhor com a situação que estamos vivendo. Faço testes PCR toda semana, faço para trabalhar, encontrar meus pais, e antes de me relacionar com HIV. Acabei até me apaixonando durante a pandemia, por conviver sempre com uma pessoa pela qual criei afeto.”

Por fim, Dora reforçou que diálogo é o fundamental e proteger a si mesmo deve ser a prioridade.

 

 

Redação da Agência Aids