Católicas pelo Direito de Decidir veio a público manifestar repúdio ao posicionamento da apresentadora e pastora Ana Paula Valadão, no Programa Diante do Trono, veiculado pela Rede Super e que viralizou nas redes socais neste sábado, 12 de setembro de 2020. Confira a nota na íntegra:

Nos deparamos com um discurso LGBTfóbico e sorofóbico apresentado pela pastora em rede nacional, que se eximiu da responsabilidade de divulgar informações verídicas e apresentou posições equivocadas que não vão de encontro ao Evangelho que cremos e professamos. A fé não pode servir para legitimar ódio, mentira e a sorofobia. Não compactuamos com a tentativa de uma teologia preconceituosa que estimula um discurso de ódio através da busca pela legitimação de Deus.

A primeira inverdade é a tentativa da pastora de atrelar a transmissão do HIV a orientação sexual específica de homens gays. Os dados mostram o contrário, de acordo com o Boletim Epidemiológico de HIV/Aids do 2019 do Ministério da Saúde, a proporção calculada de 57,74% das infecções pelo HIV são de pessoas heterossexuais. O que faz a transmissão de HIV/Aids circular não é amar alguém do mesmo gênero, mas é adotar práticas sexuais seguras e/ou estratégias preventivas.

Outro fato que devemos combater na sua fala é uma narrativa que estimula o discurso homofóbico e que estigmatiza as pessoas que vivem com HIV e aids. A associação direta entre HIV e Aids e morte, não só é um total equívoco devido aos avanços e a efetividade do tratamento antirretroviral (ARV), como potencializa o preconceito e o estigma social relacionado as pessoas que vivem com HIV e aids.

Falas como essas são muitos perigosas e prejudiciais, pois trazem um teor de punição divina. Isso faz com que as pessoas demorem para fazer o teste e, dessa forma, retardam o tratamento em caso de diagnóstico positivo para o HIV e até mesmo para outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). O HIV tem tratamento e quanto antes a pessoa (indiferente da orientação sexual) procurar saber sua sorologia, poderá iniciar o tratamento e, assim, controlar a replicação do vírus. Desta forma, preservará sua imunidade e a qualidade de vida, podendo chegar ao status de indetectável. Isto significa também que o HIV se torna sexualmente intransmissível.

Se você é LGBT e é da Igreja Batista da Lagoinha e se sentiu ofendido(a) com as violências ditas pelos Valadão, é possível que você esteja vivendo em um ciclo de violência religiosa. Se você crê em um Deus que acolhe e é misericordioso, ele te dará força para sair desse ciclo de violência. Não permaneça em um lugar onde pessoas atentam contra a sua vida e a sua sexualidade. Eles pregam ódio. Deus prega vida. “Eu vim para que tenham vida e a tenham plenamente.” João (10:10)

 

Dica de entrevista

Católicas Pelo Direito de Decidir

E-mail: comunicacao@catolicas.org.br

 

Redação da Agência de Notícias da Aids