Especialistas dizem que o "liberou geral" pode colocar a perder o avanço dos indicadores; mais da metade dos municípios brasileiros celebra o fato de não ter registro de óbitos por covid - Bruno Kelly/Reuters

 

O crescimento do número de vacinados, a queda nas internações, a sensação equivocada de que o pior momento da pandemia da Covid-19 “ já passou” não foram suficientes para frearmos a realidade que o país vivencia nesta sexta-feira em relação a pandemia. O Brasil atinge 600 mil mortes por Covid -19 e uma média de 500 óbitos diários, destacam portais noticiosos e a imprensa nacional. A Agência Aids repercutiu o fato com ativistas que vivem e trabalham em diferentes locais do país. Acompanhe a seguir:

Rodrigo Pinheiro, presidente do Foaesp: “Cada vez mais fica demonstrado que o SUS é essencial para a população brasileira. Se tivéssemos uma gestão melhor e mais financiamento, não estaríamos nestes números. ”

 

Fabiana de Oliveira, representante do Movimento Nacional das Cidadãs Positivas em São Paulo: “Isso muito nos entristece. Apesar do avanço na vacinação, inclusive com a terceira dose para pessoas vivendo com HIV/aids, não dá para dizer que nos sentimos confortáveis diante dos discursos negacionistas, das informações mentirosas disseminadas sobre as vacinas, e uso de máscaras. Vivemos momentos muito difíceis, trágicos, dolorosos, não podemos esquecer disso e “relaxar” nas medidas preventivas. São 600 mil vidas que se foram, deixando famílias e amigos em luto e sofrimento. Enquanto movimento social temos que continuar a lutar pelo SUS, pela valorização da vida e nos mantermos em vigilância.”

José Carlos Veloso, da Rede Paulista de Controle Social da Tuberculose: “Lamentável os números de óbitos que temos hoje em decorrência da covid-19, principalmente se pensarmos que se tivéssemos comprado as vacinas nas primeiras ofertas feitas ao governo, muito provavelmente não teríamos esses números hoje. Esse governo precisa ser julgado e responsabilizado por tantas mortes.”

Toni Reis, presidente da Aliança Nacional LGBTI+: “É muito triste para um país que não cuida de seus cidadãos. O mais triste é que os dados epidemiológicos estão sendo coletados ela própria imprensa, o órgão público que deveria fazer não está fazendo. Espero que a gente tome como lição, se temos um governo que não cuida dos cidadãos, para que serve o estado? Tudo isso vai passar e vamos estudar para que a gente não possa errar mais. Quero parabenizar os prefeitos, governadores e todos os profissionais de saúde que fizeram de tudo para salvar vidas, mesmo sem o apoio de um projeto nacional. Nenhum ser humano pode ser utilizado como pesquisa sem passar pelos tramites da ética. Vamos vencer como vencemos a pandemia da aids e dengue, e voltar a sorrir no nosso país.”

Javier Angonoa, ativista em direitos humanos: “Esse triste número é a evidencia do desprezo que o governo Bolsonaro tem com a vida, o absoluto despreparo para comandar o país num momento terrível de pandemia, somado à incompetência dos gestores do Ministério da Saúde (por ele indicados). Patético e terrível.”

Alessandra Nilo, jornalista e fundadora da ONG Gestos: “Mais uma vez se comprova que estamos na direção equivocada pelo governo federal. Quero agradecer ao SUS que vem fazendo esse esforço enorme e vacinando as pessoas. A situação poderia estar muito pior caso elas estivessem escutando o Presidente da República, que segue insistindo que a máscara não é uma necessidade, que as vacinas são questionáveis e segue desestimulando as pessoas a se protegeram da Covid-19. Precisamos continuar alertas, a pandemia não acabou, ela não vai ser finalizada por decreto, as pessoas precisam continuar praticando o distanciamento social e se cuidando e nós vamos exigir do governo que ele cumpra sua responsabilidade de proteção das pessoas, de fortalecimento na nossa saúde pública.”

 Jacqueline Côrtes, do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas e do Inamur: ‘Eu só tenho a me entristecer com tantas vidas ceifadas por omissão e descaso, a me solidarizar com familiares e amigos das pessoas que perderam suas vidas repentinamente e a me INDIGNAR com a postura execrável desse senhor que insiste em estar na condição Presidente da República do Brasil. Uma atitude cruel, nefasta e ao meu ver, arquitetada. Este homem, Bolsonaro, é um monstro como tal tem o poder de influenciar pessoas como ele, lamentável realidade a se constatar, a de que há pessoas como ele em nosso país. Irresponsáveis, negligentes, indiferentes ao sofrimento alheio, egoístas, sem qualquer noção de civilidade, de normas sociais, de vivência coletiva. Falar dessa política capenga, abominável e genocida que o presidente tem promovido frente à pandemia do COVID-19 e frente a tantos outros fatores de cunho social como a miséria, a fome, o abandono, a violência, e a falta de solidariedade, é nó mínimo excitar nossos nervos. Ignorar a ciência, as evidências, as boas práticas, antagonizar as medidas sanitárias de segurança e as ações de governos locais comprometidos com seus munícipes e ainda corromper e lucrar com as mortes alheias, é, no mínimo, passível de prisão, de impeachment, de “FORA JÁ, MONSTRO BOLSONARO”. O país precisa retomar seu prumo e seguir com dignidade e cidadania, respeito e cumprimento dos direitos previstos num estado democrático, para além das adversidades e problemas que toda nação enfrenta. Chocada, estarrecida, indignada! Choro!”

Moysés Toniolo, representante do Movimento de Aids no Conselho Nacional de Saúde (CNS): “Ao atingir a marca fúnebre e terrível de 600 mil mortes, infelizmente com projeções de ainda continuarem ocorrendo novas infecções e possíveis óbitos, diretamente relacionados com a SARS-COV-2, o Brasil demonstra após mais de um ano e seis meses não ter assumido a centralidade de uma atitude governamental por gerir a pandemia localmente. Segundo projeções da OXFAM (  ) “Cerca de 120 mil vidas poderiam ter sido poupadas no primeiro ano de pandemia no Brasil se tivéssemos adotado medidas preventivas como distanciamento social, restrição a aglomerações e fechamento de estabelecimento comerciais e de ensino”, fica a mensuração do tamanho da omissão de responsabilidade cometida pelo (des)governo Bolsonaro e todas as autoridades que partilharam de decisões em prol do negacionismo cientifico e de direitos. Estas mortes, que agora após a introdução da vacinação em massa no Brasil, se apresentam como em sua maioria por pessoas que NAO vacinaram e que podem de maneira direta e indireta estarem expostas as ideologias que fazem parte do “Gabinete do Ódio” e também do Gabinete “Paralelo do Ministério da Saúde” que incessantemente promoveram fakenews e também a promoção do “Kit de Tratamento Precoce” – sem eficácia comprovada pela ciência internacional e nacionalmente. Sendo assim, este (des)governo vem reiteradamente demonstrando o descaso com a vida e políticas de morte e genocídio premeditado para com as populações mais vulnerabilizadas, a exemplo do que ainda cita a OXFAM do Brasil – “Pessoas negras são mais afetadas pela falta de leitos hospitalares, têm menos acesso a testes diagnósticos e tem risco 17% maior de morrer na rede pública”, bem como a população indígena, pessoas em situação de rua, e tantas outras. Mas, enquanto representação da ANAIDS no Conselho Nacional de Saúde, precisamos registrar citar os impactos tenebrosos sobre avida, a saúde e as condições de sobrevivência das Pessoas Vivendo com HIV e Aids, demonstradas pelo “levantamento de Dados sobre impacto da Epidemia de COVID-19 sobre os Serviços de HIV e Tuberculose” no Brasil, promovido pela ANAIDS e pela ART-TB, além da situação de diversas outras Patologias e comorbidades, que foram duramente afetadas pela epidemia com paralisação de atendimentos ambulatoriais e inclusive desabastecimento de tratamento. Fica nossa menção de REPÚDIO a tudo isto, confiando que ao final da CPI da Epidemia no congresso, finalmente o Brasil assuma o erro das urnas em Outubro de 2018, e conduza ao necessário processo de Impeachment do Presidente da República, por crimes contra a humanidade e desprezo as prerrogativas constitucionais do cargo exercido.”

Betinho Pereira, do Projeto Bem-Me-Quer: “Infelizmente alcançamos o estarrecedor número de 600 mil mortos por covid essa semana. Não há dúvida que a pandemia veio como um tsunami incontrolável no mundo todo e ceifaria muitas vidas. Mas no caso do Brasil a letalidade foi muito maior porque o negacionismo e deboches repetitivos do governo federal, o atraso das negociações para aquisição de vacinas, o incentivo a aglomerações e ao não uso de máscara, a insistência em não decretar lockdown, a ausência de outros meios de redução de transmissibilidade, a troca política e não técnica dos ministros da saúde, a falta de um protocolo nacional de manejo, p incentivo de uso de medicamentos não eficazes, entre tantos fatores abomináveis faz desse governo, infelizmente necrófilo e omisso. Milhares de vidas poderiam ter sido evitadas se o governo Bolsonaro desse a devida e imprescindível atenção a essa catástrofe, desde o Ministro Mandetta. Essa omissão abominável não pode ficar impune porque caracterizam deliberações, em tese, genocidas. Enfim nos resta ser solidários com as famílias enlutadas e ver a redução de casos e óbitos para que nossas vidas possam voltar ao normal.”

Redação da Agência de Notícias da Aids

Dica de entrevista

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