O museu virtual Mutha permite à população brasileira, de pessoas com corpos e gêneros variantes, contar sua própria história

O Brasil ganhou seu primeiro Museu Transgênero de História e Arte (Mutha). Concebido por Ian Habib, o museu virtual dispõe do primeiro arquivo histórico transgênero museal do país, o que possibilita um espaço inédito para que pessoas de corpos e gêneros variantes possam contar suas histórias de forma documentada.

O acervo inclui vivências transgêneras , travestis , não-binárias , intersexo , indígenas , LGBTQIAP+, entre outras identidades. O acesso virtual é gratuito e contem arquivos de diversas configurações com coleções bibliográficas, artísticas, fotográficas, científicas, históricas e documentais, de tipologia arquivística e museal.

“São itens musealizados e conjuntos de tecnologias de formação de arquivos museais e de produção de dados, funcionando como um espaço comunitário e autônomo, onde é gerido parte do patrimônio simbólico, social, político e cultural tangível e intangível da população corpo e gênero diversa do/no Brasil”, explica Ian, que afirma ainda que o arquivo “rompe com as leis cisheteronormativas de saber e poder”.

O fundador do museu ainda diz que o acervo incentiva a criatividade, e desconstrói “a história até hoje produzida pela cisgeneridade sobre as transgeneridades”, já que os arquivos partem das próprias pessoas transgêneras, e de “conjuntos de saberes trans que vêm para balançar as estruturas do que foi estabelecido como importante e guardado, e do que foi excluído ou apagado sobre a essa população”.

O site do museu ainda dispõe de uma espécie de biblioteca com mecanismo de busca comum que engloba todo o material musealizado, que se divide em quatro acervos.

  • Pesquisas – dedicado a cada pessoa pesquisadora convidada;
  • Transcestrais – dedicado a importantes personalidades, pessoas trans falecidas, com suas biografias de vida;
  • Muthantes – produções experimentais do próprio museu como performances, manifestações populares e obras de arte;
  • Arquivo Vivo – tecnologia de manipulação de dados com curadoria compartilhada, criada para que pessoas trans vivas possam se autoarquivar e automusealizar, enviando seus próprios materiais.
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Os temas tratados serão pertinentes à toda diversidade do envelhecer trans : transformismo, história dos movimentos LGBTQIAP+, ativismo, migração, cidadania, direitos humanos , aposentadoria, comunidade, família , religião, cidades, território, raça-etnia , deficiência e questões de saúde, que poderão ser úteis para pesquisas em áreas como direito, artes, ciências humanas e ciências da saúde.

Fonte: IG Queer