A Agência de Notícias da Aids ouviu os ativistas sobre as expectativas a respeito da luta contra aids no Brasil para o ano de 2022. Dentre as ações mais esperadas, está a inovação no esquema de medicamentos para o tratamento das pessoas que vivem com HIV/aids.

Eles esperam também que haja mais união dentro do movimento social e um reforço da democracia. Confira os depoimentos:

 

Fabiana Oliveira, Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas:

Minhas expectativas para 2022 é ver o movimento aids mais articulado, resiliente e forte para juntos enfrentarmos nossas lutas; que haja mais respeito entre as pessoas, menos ódio, racismo, misoginia e fobias de toda ordem; que em outubro possamos festejar e nos alegrar em ver cair um intolerável e este fique apenas como uma mancha indesejada em nossa história.

 

Beto de Jesus, diretor de Aids Healthcare Foundation no Brasil:

A abertura da clínica comunitária de saúde sexual em São Paulo, a segunda da AHF no país, é a nossa principal expectativa para 2022. A unidade ficará na República, região histórica para os movimentos de HIV/aids e LGBTQIAP+. Tenho certeza de que terá um impcato bastante positivo nessas comunidades e nas populações que habitam e transitam pela região.

Com o avanço da vacinação da covid-19, torço para que as pessoas retomem plenamente suas vidas, sempre mantendo as medidas de prevenção, pois elas continuarão necessárias por um bom tempo. 2022 pode também ser um ano de oportunidade para fortalecer o SUS, que deu mostras de sua capacidade e de sua importância para a vida de cada um de nós.

Mas espero, sobretudo, que as pessoas renovem a esperança em um futuro melhor, com respeito à ciência e à dignidade de cada ser humano, algo que, infelizmente, anda em falta por aqui.

 

Veriano Terto, vice-presidente da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids: 

Esperamos que mais ações de prevenção venham a ser desenvolvidas. Mais apoio às inciativas e a própria sustentabilidade das organizações da sociedade civil. Esperamos um reforço na nossa democracia na instâncias de participação. A volta da Comissão Nacional de Aids e da CAMS. Assim como a ampliação da PrEP e incorporação de inovações no tratamendo do HIV, afinal já estamos em época de começar a rever nosso esquema de medicamentos e ter incorporado novos medicamentos e combinações para o tratamento das pessoas com HIV/aids. Espero também ações mais fortes de enfrentamento ao estigma.

 

Evalcilene Santos, Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas – Manaus:

Desejo, que todas as pessoas tenham acesso a vacina do Covid-19, incluindo as crianças de 5 anos, aprovado pela ANVISA. Que tenhamos acesso aos insumos de prevenção, pesquisas e novos medicamentos que não tragam tantos prejuízos ao corpo, principalmente ão corpo feminino. Que o Controle Social e sociedade civil sejam respeitados, fortalecidos e apoiados para a continuidade do grandioso papel e empenho na defesa das políticas públicas. Que a população brasileira refrita e saiba votar em um governo federal que defenda a VIDA.

 

Alessandra Nilo, coordenadora da ONG Gestos:

Minhas expectativas é de continuaremos, infelizmente, a viver tempos muito duros, é que para isso precisamos parar de olhar para cima e começar a cuidar do tamanho da catástrofe que está ao nosso lado. Na nossa cara, bem diante do nosso nariz.

 

 

Silvia Aloia, Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas:

O ano de 2022 traz esperança no que se refere á possibilidade de troca de governo. Precisamos acreditar na mudança, em maior acesso a tudo, à emprego e renda, acesso à creches, à educação de qualidade, no acesso à saúde. Sabemos que a crise não acabou e que tempos difíceis ainda estão por vir, mas a expectativa é que continuemos unidas na luta e no afeto pra atravessarmos esta crise. Que a solidariedade continue a prevalecer em nosso movimento e dos nossos parceiros.

 

 

Ricardo Santos, Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/aids no Maranhão:

Esperamos realizar mais ações planejamento como Seminarios de Incidência Política, advocacy em direitos humanos, para Fortalecimento do Ativismo no Maranhão e Brasil, o que é fundamental na construção da resposta brasileira contra aids.

 

 

Salvador Correa, escritor e ativista: 

Tenho a expectativa de que em 2022 teremos um ano de retorno ao convívio social com um pouco mais de proximidade e integridade. Todos mergulhamos um pouco no autoconhecimento que essa pandemia trouxe. Acredito que avançaremos nos debates sobre o direito a vida, incluindo o acesso a medicamentos. Penso que a arte é um caminho central nas transformações dos monstros sociais e aprendemos coletivamente e aos poucos a olhar para esses últimos anos de luto, colher as aprendizagens e fazer valer a experiência de estarmos VIVOS. A força do coletivo é o movimento! Que em 2022 os nossos lutos sejam honrados em nossa Vida. Que possamos sentir paz, ter saúde, celebrar e expandir o SUS, viver as mais profundas formas de amor. “Há uma coisa dentro de mim, contagiosa e mortal, perigosíssima, chamada vida, lateja como desafio.” Herbert Daniel.

 

Jadilson Neto, presidente da ONG Empoderarte:

Sempre falo que o HIV não afeta os maranhenses da mesma forma. Existem pessoas com maior risco de se infectarem, que continuam enfrentando o estigma e a discriminação e que não têm acesso aos métodos de prevenção ou cuidados de que precisam, espero que a gestão na sua esfera municipal e estadual tenham como metas a política de equidade em saúde para enfrentarmos esses estigmas e assim diminuirmos os dados de óbitos por aids no Maranhão que ainda são altos.

 

Rodrigo Pinheiro, presidente do Fórum de ONGs Aids de São Paulo: 

O desafio para 2022 é a implementação de políticas que começaram a se pensar anteriormente. A gente está vendo bastante dificuldade, por exemplo, no estado de São Paulo, a criação de um Grupo de Trabalho para entender como seria o acordo entre a Secretaria de Desenvolvimento e a Secretaria da Saúde. Acho que em São Paulo, essa questão deve avançar mais rápido. Esse ano também começamos a discutir bastante a pauta da discriminação das pessoas que vivem com HIV/aids. Acho que a gente precisa avançar com políticas para fazer esse enfrentamento.

David Oliveira, comunicador e ativista: 

Estamos com muita expectativa para que o novo tratamento aprovado pela Anvisa, o dovato, chegue logo a todas as pessoas para que a gente tenha mais adesão e menos toxicidade em nosso corpo. Espero tomar o Dovato, estou muito ansioso para esse tratamento. Vamos continuar levando informação e resistência.

 

 

Harley Henriques, Fundo Positivo: 

Esperamos que a gente tenha aprendido tanto com a epidemia de HIV, que trouxe uma série de aprendizados, como com a pandemia de Covid-19. Tem um elemento que une as duas, que é a solidariedade. Então, para 2022, minha expectativa é que a solidariedade, transformada em questões concretas como acesso a direitos por parte das pessoas que vivem com HIV, que estão mais vulneráveis a se infectar. Que a gente possa ter a solidariedade como elemento que una os diversos atores importantes nessa epidemia, entre eles a sociedade civil organizada. Sem dúvida nenhuma a comunicação e a Agência Aids tem papel importantíssimo na história da epidemia de HIV/aids no Brasil.

 

Dica de entrevista

Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas

Site: https://mncp.org.br/

AHF Brasil

Telefone: (11) 2892-4814

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Telefone: (81) 3421-7670

Ricardo Santos

E-mail: ricardo_65carioca@hotmail.com

Jadilson Neto

Tel.: (98) 9128-2711

Foaesp

Telefone: (11) 3334-0704

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Telefone: (21) 2223-1040

Fundo Positivo

Tel.: (11) 98807-8369