Impacto do aumento dos casos de mpox na África em pessoas refugiadas em abrigos lotados é preocupante. Descubra como o ACNUR está trabalhando com parceiros para conter o surto.

Você já deve ter ouvido falar sobre a mpox nos noticiários, especialmente desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarou como uma emergência de saúde pública de interesse internacional. Mas o que é exatamente essa doença e como ela afeta refugiados e outras pessoas forçadas a se deslocar? Conversamos com o dr. Allen Maina, chefe de saúde pública do ACNUR, a Agência de Refugiados da ONU, para saber mais.

O que é mpox e como a doença é transmitida?

A mpox (anteriormente conhecida como varíola dos macacos) é uma doença infecciosa causada pelo vírus “monkeypox”. Ela pode causar uma erupção cutânea dolorosa, aumento dos gânglios linfáticos e febre. Com o tratamento adequado, as pessoas podem se recuperar totalmente da mpox; no entanto, sem os cuidados necessários, podem ficar gravemente doentes, correndo risco inclusive de morte.

Qualquer pessoa pode contrair a mpox. A doença se espalha por meio do contato próximo (sexual ou não) com uma pessoa infectada, por meio do contato com animais infectados ou pelo toque em itens contaminados, como vestimentas ou roupas de cama. A mpox também pode ser transmitida de uma mãe grávida para seu bebê durante a gravidez ou o parto. Ela pode ser particularmente grave em crianças, indivíduos imunocomprometidos e mulheres grávidas.

Onde estamos vendo o maior número de casos da mpox?

Entre o início do ano e 1º de setembro, mais de 20.000 casos de mpox foram registrados em 15 países da África. A grande maioria dos casos (cerca de 19.000) foi registrada na República Democrática do Congo (RDC), onde, infelizmente, cerca de 600 pessoas morreram em decorrência da doença. Também estamos observando um aumento de casos em países vizinhos, como Burundi, República do Congo e Ruanda.

África: Casos confirmados de mpox e pessoas forçadas a se deslocar | 2024

Por que o ACNUR está preocupado com a mpox?

A RDC e países vizinhos abrigam milhões de pessoas que foram forçadas a deixar suas casas devido a conflitos, desastres naturais e instabilidade. Qualquer pessoa pode contrair ou transmitir a mpox, independentemente de ter sido forçada a fugir. Entretanto, em abrigos de refugiados e locais de asilo, as pessoas geralmente vivem em condições de superlotação, com acesso limitado a itens essenciais como sabonete, água tratada e roupas de cama. Isso dificulta a adoção de medidas preventivas, como a higienização das mãos. O acesso aos serviços de saúde também é um desafio. Estamos começando a ver alguns casos suspeitos de mpox entre as populações de refugiados nesses países.

Mulher negra com semblante sério sentada, segurando um balde em uma das mãos, ao lado de uma torneira comunitária.

Como não há espaço suficiente nos abrigos para as pessoas com suspeita de mpox se isolarem com segurança, muitas relatam que têm de dormir do lado de fora. Elas querem proteger seus familiares e amigos, mas isso é um verdadeiro desafio sem os recursos adequados. Além disso, a limitação de alimentos enfraquece a capacidade das pessoas de combater doenças. Nessas circunstâncias, a mpox representa um risco significativo.

O que o ACNUR está fazendo para ajudar a evitar a propagação da mpox entre refugiados e pessoas forçadas a se deslocar?
Todos nós temos interesse em garantir que o surto da mpox seja contido o mais rápido possível. O ACNUR tem o compromisso de ajudar os países e as comunidades a proteger as pessoas forçadas a se deslocar, o que inclui garantir que elas tenham acesso à prevenção e ao tratamento da doença. Precisamos trabalhar juntos para garantir que os refugiados e as pessoas forçadas a se deslocar tenham itens básicos de higiene, instalações sanitárias e alimentos suficientes, além de informações precisas e acessíveis sobre a mpox em seu próprio idioma. Também são necessários mais abrigos para permitir o isolamento adequado.

Estamos fornecendo o máximo possível de sabonete, água tratada e instalações para a higienização de mãos. Também estamos equipando as estruturas de saúde para garantir um atendimento clínico seguro e eficaz para pacientes e profissionais da saúde, além de fortalecer o monitoramento de sintomas. Estamos treinando e equipando voluntários da área da saúde de refugiados para lidar com o estigma e aumentar a conscientização nas comunidades forçadas a se deslocar e anfitriãs sobre como acontece a propagação da mpox e como preveni-la. Em muitos locais, as equipes do ACNUR estão trabalhando com recursos extremamente escassos, onde os sistemas de saúde são frágeis e as necessidades só aumentam à medida que o surto continua.

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Nos países, estamos defendendo, junto aos governos, a inclusão das pessoas refugiadas em seus planos de ação e trabalhando lado a lado com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e parceiros em apoio às respostas nacionais à mpox. À medida que as vacinas se tornarem disponíveis para os indivíduos com maior risco de infecção, continuaremos defendendo e apoiando a inclusão de refugiados e pessoas forçadas a se deslocar nos programas de vacinação.

No entanto, décadas de conflito e financiamento insuficiente na RDC afetaram gravemente as atividades de saúde e forçaram o ACNUR e seus parceiros a fazer escolhas difíceis. Precisamos de mais financiamento para ampliar os esforços essenciais de resposta, mas também precisamos de paz nas áreas de conflito para que a ajuda humanitária possa chegar aos mais necessitados e que as pessoas possam ter acesso a testes e tratamentos sem correr risco de vida.

O que você pode fazer para ajudar?
Compartilhar informações confiáveis sobre a mpox e seu efeito sobre os refugiados em situações vulneráveis é importante para combater o medo e a desinformação sobre a doença. Fazer doações também é uma excelente maneira de ajudar os refugiados e as pessoas deslocadas a receber o que precisam para se proteger, proteger suas famílias e as suas comunidades.

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Fonte: ACNUR