O Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas, desde as suas primeiras atuações em 2001, é composto por mulheres fortes, focadas e que não desistem. É essa garra que vem dando visibilidade a uma série de vulnerabilidades específicas do universo feminino, que vão muito além do agente viral e se referem aos direitos das mulheres, sua autonomia, saúde sexual e reprodutiva, direitos humanos, aos determinantes sociais em saúde e as vulnerabilidades que são acrescidas, neste caso, à sorologia positiva para o HIV.

As discussões e luta do movimento estão atreladas às questões relacionadas às desigualdades de gênero, de raça, de classe social e outros fatores que geram o adoecimento, na medida em que muitas vezes não é o vírus o maior problema dessas mulheres e sim outros determinantes que impactam em sua vida e saúde.

Atualmente, comemoramos um novo site do movimento e estamos mais aprimoradas nas mídias sociais, o que auxilia a visibilizar nossas demandas, denúncias e nossas contribuições para o enfrentamento da epidemia no país. Somos mães, avós, filhas, irmãs, esposas e amantes. Somos quem mais acessamos os serviços de saúde e que mais impulsionamos o cuidado em nosso entorno, com papel fundamental na promoção e prevenção do HIV/aids e nas discussões a que se transversalizam ao tema.

Estamos vivenciando momentos difíceis para todos e em especial para as mulheres. Os dados apontam o aumento da pobreza e da violência contra as mulheres. A cada 2 minutos uma mulher é agredida. Houve aumento em 4% nos feminicídios com 1.206 casos em 2019, sendo 61% destes em mulheres negras. A violência sexual com aumento de 4,1% de registros com 6.041 casos notificados. A cada hora, 4 meninas de até 13 anos são estupradas.

Foi vendido aos brasileiros a necessidade de reformas com a promessa de melhoramento na economia, na produção de empregos, na redução das desigualdades. Os dados apontam exatamente o contrário. Tudo o que era para diminuir só aumentou, piorando ainda mais as desigualdades, a violência e o desemprego.

Estamos com retrocessos imensuráveis, com um governo que suscita o ódio, o preconceito e a discriminação. Estes retrocessos refletem nos dados de todos os tipos de violência, legitimado por declarações dos nossos governantes. Campanhas conservadoras e fundamentalistas como a de Abstinência Sexual para reduzir gravidez e IST´s, lançada recentemente pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. O Ministro da Saúde argumentando sobre a necessidade de instrumentalizar as famílias para falar sobre sexualidade, sendo que os dados apontam que quase 80% dos casos de violência sexual acontecem no âmbito familiar, presidente da república colocando as pessoas que vivem com HIV/aids como despesas, dentre tantas outras declarações e reformas que dificultam a atuação dos movimentos sociais e da construção de políticas públicas voltadas para a garantia de direitos.

Nas comemorações do Dia Internacional da Mulher, precisamos dizer que estamos atentas e resistentes aos retrocessos. Continuamos defendendo direitos humanos, direitos sexuais e reprodutivos, autonomia. Somos contrárias a todas as formas de discriminação e violências e não desistiremos jamais. Lutamos por serviços de qualidade, por educação que abordem as diferenças e a sexualidade, pelo acesso adequado aos serviços de qualidade, pelo SUS!

Somos Muitas, Somos Fortes, Somos Mulheres!!!

*Silvia Aloia – Secretaria Nacional do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas (MNCP), formanda em Administração Sistemas e Serviços de Saúde.

E-mail :silviaaloia@yahoo.com