Estamos saindo de um ano difícil. Uma tensão que dividiu famílias e grupos de amigos, numa histeria coletiva que, em muitos casos, ainda não acabou. Foi ano de muita dificuldade: faltou dinheiro para pagar as contas de água, luz, o aluguel. Faltou dinheiro para educação, faltou dinheiro para a saúde.
A Covid fez seu baile: quando teve vírus, faltou vacina, quando começaram as variantes, faltaram esclarecimentos oficiais, quando finalmente havia vacinas suficientes, faltou campanha para estimular a imunização e numa roda quadrada seguimos com doses de vacinas compradas a muito custo que estão quase vencendo, enquanto muita gente ainda está sem tomar as doses de reforço indicadas por autoridades no mundo todo.
Um ano em que descobrimos que enquanto as forças armadas compraram próteses penianas e viagras a preços superfaturados, faltaram medicamentos básicos nos hospitais públicas: de dipirona e antibióticos a remédios usados por pacientes transplantados, em tratamento contínuo como doentes com câncer ou pessoas vivendo com HIV. O mesmo Capitão que sai do governo com um rendimento mensal garantido de 82 mil reais -12 mil como militar reformado, 30 mil como deputado aposentado e mais 40 mil de salário pago pelo partido – além de aluguel da casa também custeado pelos companheiros do PL, havia dado carta branca para que sua equipe econômica estudasse a privatização do SUS. Isso no começo de 2020.
Entidades de saúde, sindicatos de todas as categorias, estudantes, conselhos de secretários se mobilizaram em defesa da saúde pública – garantida pela Constituição de 88. A chiadeira foi tanta que o próprio capitão revogou o decreto de autorização. No fim do mesmo ano, o mundo estava submerso no novo coronavírus. Como teria sido sem o SUS?
2022 chega ao fim com universidades púbicas sem dinheiro, com saúde de pires na mão, com o monstro da inflação à espreita, com o País dividido. Que 2023 venha com a promessa de muito trabalho para essa gente guerreira, renovando nossa esperança, revalorizando nossas joias mais caras, retomando tantos projetos. Que venha a reconstrução, com fé, perseverança e espiritualidade. Estamos embarcando de volta para o futuro.
Feliz 2023!
* Cris Angelini é uma profissional com mais de 40 anos de experiência em comunicação, tendo trabalhado em todas as frentes da profissão: redações, assessorias de imprensa, campanhas políticas. É mestre pela Faculdade Cásper Líbero, graduada em Jornalismo e Relações Públicas. Integrante da equipe de coordenação da cobertura da TV Globo das visitas dos Papas: Bento XVI e Francisco ao Brasil. É diretora do Canal Angelini no Youtube, que entrevista líderes religiosos e é focado na disseminação da cultura do encontro e da paz. Angelini faz parte do grupo de conselheiras consultivas da Agência Aids.
Contato: @CanalAngelini