Michel Sidibé fez o anúncio nessa quinta-feira (13), durante uma reunião da direção do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) em Genebra, disse o porta-voz da agência, Mahesh Mahalingham. Michel Sidibé afirmou que deixará o cargo em junho, depois de investigadores criticarem a sua “liderança deficiente”. Seu mandato deveria terminar em janeiro de 2020.

O órgão de supervisão do Unaids, o Conselho de Coordenação do Programa liderado pela Grã-Bretanha, se reuniu em Genebra esta semana para avaliar o relatório do Painel de Especialistas Independentes, que também analisou o trabalho de Sidibé em um local de trabalho “patriarcal e que promove um culto à personalidade, como a figura do chefe todo-poderoso”. O painel de quatro investigadores relatou uma cultura de impunidade e um ambiente de trabalho tóxico no Unaids, insistindo que isto não poderia ser mudado a menos que Sidibé renunciasse ao cargo.

A Suécia, um importante doador do Unaids, juntou-se a um coro de ativistas nesta semana pedindo a expulsão de Sidibé, um cidadão do Mali que dirige a agência há nove anos.

Foi Sidibé quem pressionou para que o Painel de Especialistas Independentes fosse criado no início deste ano, após a acusação de que ele e a agência não haviam dado a devida atenção às alegações de agressão sexual contra o ex-vice-diretor executivo Luiz Loures. Ele foi investigado internamente pelo próprio Unaids, mas o caso foi arquivado por falta de elementos contra o diretor. No entanto, perante a pressão externa, o brasileiro acabou por renunciar ao cargo em março, como foi publicado na Agência de Notícias da Aids.

As conclusões do painel, no entanto, incluem uma acusação da mordomia de Sidibé, descrevendo o Unaids como estando atolado em “uma crise que ameaça seu trabalho vital”. O relatório também disse que Sidibé “não aceitou a responsabilidade” por nada que tenha dado errado sob seu controle e argumentou que os líderes da agência precisavam ser substituídos para “recuperar uma cultura de dignidade e respeito”.

O cronograma para a partida, confirmado pela agência, equivalia a uma concessão de um líder acusado de promover um ambiente de trabalho que tolera o assédio moral, o assédio sexual e uma cultura de medo entre os funcionários.

Em resposta, o Unaids Brasil afirma que “a agenda para a mudança será fundamental para garantir que o pessoal do UNAIDS possa continuar a construir novas conquistas sobre estes êxitos e entregar resultados máximos para as pessoas que vivem com HIV e são afetadas pelo vírus. O documento apresentado ao PCB está focado em cinco áreas de ação: uma abordagem centrada na equipe; compliance (conformidade) e parâmetros; liderança e governança; gerenciamento e capacidade. Cada área descreve as principais ações que o Secretariado do Unaids irá realizar.

“O Unaids reitera seu compromisso de liderar pelo exemplo na eliminação de todas as formas de assédio, intimidação e abuso de poder, criando um ambiente respeitoso, transparente e responsável que permita que todo o pessoal contribua com todo o seu potencial para as pessoas a quem servem.”

 

Com informações de AFP e The Telegraph.

Tradução de Jéssica Paula (jessica@agenciaaids.com.br)