O debate Aids, Diversidade e Sexualidade aconteceu na tarde desse sábado (1) e buscou quebrar estigma e mitos sobre o HIV e as diferentes possibilidades de se viver a sexualidade. Ao levar informação de forma gratuita para o público do Sesc Pompeia, o evento transformou  temas considerados tabus em diálogos naturais e expontâneos.

Durante a roda de conversa, a psicóloga Regiane Rodrigues afirmou que se aprende muito mais do que se ensina, ao trabalhar com sexualidade. “A aids fez a sexualidade sair do armário e falar sobe sexualidade é necessário para que a gente possa se cuidar. Quando eu me respeito, eu me cuido. Quando me cuido, respeito e cuido do outro.”

Beto de Jesus, coordenador da Aids Healthcare Foundation (AHF Brasil), falou dos avanços conquistados na luta contra a aids graças a uma sociedade organizada que pressionou governos e instituições para buscar seus direitos e enfrentar a epidemia. “Essa perspectiva comunitária de resposta é o permite combater a doença. Se você tem vida sexual ativa, é necessário fazer o teste, simples assim. Apesar de toda a dor de quem perdeu amigos e as pessoas que amam, é preciso reconhecer que a aids trouxe a cama para a sala de aula, trouxe a cama para o consultório.”

O artesão e integrante do Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (IBRAT), Alexandre Peixe, falou sobre as dificuldades e violências sofridas durante seu processo de transição. “Fui vítima de um estupro coletivo, fiquei grávida e optei em ter a minha filha, que contrariando o discurso, é uma mulher heterossexual”, relatou.

Alexandre falou ainda da dificuldade de se assumir em um país que trata seus homens trans na invisibilidade e de maneira superficial. Segundo o artista, a discriminação diminuiu quando ele começou a perder os traços de seu corpo que remetiam ao gênero de nascimento. “Mas ainda tenho medo de perceberem que ‘essa pessoa virou homem’. Porque eu sou um homem sem o falo, sem o pênis, e nem por isso deixo de ser homem e sentir prazer.”

Nesse sentido, a diretora da Agência Aids, Roseli Tardelli reforça que “precisamos de mais reflexão, de pensamento humanizado a todas as formas de expressão de amor”.

Renata Carvalho, atriz, diretora e fundadora do Movimento Nacional de Artistas Trans (MONART) afirmou que é necessário humanizar esses corpos. “Somos um país anti-trans, anti-soropositivos, anti-negros, anti-gordos”, disse ao recordar que, nos anos 80, os muros eram pichados com a frase: Limpe São Paulo, mate uma travesti por noite. Eu sou a concretude da falência da tradicional família Brasileira… Bem-vindos ao patriarcado, meus amores.”

 

Jogê Pinheiro