Uma análise das contas públicas divulgada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) nesta terça-feira (13) aponta que o Brasil gasta R$ 3,48 por dia com saúde para cada cidadão brasileiro.

Por ano, o investimento representa um gasto médio de R$ 1.271 por pessoa. A entidade classificou o valor como “abaixo do ideal”.

De acordo com o CFM, o gasto total com saúde pública deveria ser equivalente a 10% do PIB do país, em vez dos atuais 2,94% – soma considerando União, estados e municípios.

Os dados levantados pelo conselho são referentes às despesas em 2017 do governo federal, dos estados e dos municípios com itens como custeio de hospitais, compra de equipamentos e pagamento de funcionários da saúde.

Inflação

Em 2008, o investimento médio do governo por habitante era de R$ 2,76. O crescimento de 26% para o patamar atual (R$ 3,48), porém, indica que os gastos com saúde, na verdade, diminuíram.

Isso ocorreu porque a inflação do período foi de 79,02%, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Após 10 anos, portanto, há uma defasagem de 41% no investimento em saúde.

De acordo com o conselho de medicina, o gasto insuficiente reflete em baixos indicadores de saúde e em más condições de trabalho. Por outro lado, o CFM apontou que o dinheiro público tem sido mal gerido, principalmente pela falha de gestores em conseguir elaborar projetos.

“Isso tem reflexo direto na qualidade que é prestada para a população. Precisamos de ajuste, financiamento, melhor gestão de recursos e ter um controle efetivo”, afirmou o presidente do CFM, Carlos Vital.
O levantamento da entidade apontou, ainda, que o Ministério da Saúde deixou de aplicar R$ 174 bilhões do que havia sido previsto de 2003 e 2017.

Limitação de gastos

Durante a entrevista coletiva, os conselheiros do CFM criticaram a PEC do Teto de Gastos, que congela o crescimento dos gastos públicos por 20 anos. Para a entidade, a medida tende a agravar ainda mais a qualidade dos serviços, provocando, por exemplo, o fechamento de leitos de UTI.

“Essa limitação de gastos não é compatível com o que se vivencia. De forma que esperamos que o novo governo reveja essa limitação”, declarou Carlos Vital.

Fonte: Bem-Estar