Evitando a “transmissão vertical” do vírus HIV de mãe para filhos, o Hospital Municipal Dr. Alberto Tolentino Sotelo realizou em pouco mais de um ano 41 partos, sendo que em nenhum deles a criança foi infectada, em Santarém, no oeste do Pará. O resultado se dá pela implantação do Projeto Nascer, do Ministério da Saúde.

Implantado desde maio de 2018, o projeto tem como objetivo prevenir a “transmissão vertical” do vírus. O mês com maior índice de atendimento a gestantes soropositivas foi em abril deste ano, com seis registros. 80% das pacientes têm idade entre 20 e 40 anos.

Do teste rápido ao parto

 

No pré-natal é obrigatório por Lei que toda gestante faça o teste de HIV logo nas primeiras consultas. Mesmo diante dessa exigência, existem muitas que não fazem ou, se fazem, preferem negar o resultado.

De acordo com o HMS, por esse motivo, o teste é realizado com todas as pacientes que chegam até a triagem da obstetrícia da unidade hospitalar para detecção do vírus antes do parto.

Se confirmado o resultado positivo, as equipes seguem protocolos de atendimentos estabelecidos pelo Projeto Nascer.

“A equipe de enfermagem comunica o médico e ele solicita um exame confirmatório; logo em seguida comunicamos o Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA). A partir daí o parto é feito de acordo com o protocolo”, explica a supervisora da obstetrícia, Rúbidia Lima.

Já nos casos em que a grávida informa o resultado ao dar entrada no hospital, o atendimento adequado é feito de imediato com devido manejo e cuidados para a mãe e o bebê.

Perigo de contágio

 

Segundo o Ministério da Saúde, a mulher soropositiva (portadora do HIV) que não recebe o tratamento adequado durante a gestação tem 25% de chance de transmitir o vírus durante a gravidez ou parto. Quando ela segue as recomendações do médico e ingere os remédios, as chances caem para menos de 1%. Por isso o acompanhamento durante a gravidez é muito importante.

O ginecologista obstétrico Jean Guimarães explica que, em geral, o tipo de parto mais indicado para a mulher com HIV é a cesárea eletiva. Ela deve ser feita cerca de dez dias antes da data prevista para o trabalho de parto. Caso haja contração, o risco é maior. Isso ocorre porque o bombeamento de sangue entre a placenta e o bebê aumenta, o que pode estimular a circulação do vírus. “A ideia é que o bebê entre em contato o menos possível com o sangue e as secreções da mãe”, disse.

Ele ressalta também que o parto pode acontecer normal, quando a carga viral seja indetectável. A mulher recebe o antirretroviral injetável durante o parto. No caso da cesárea eletiva, ele é administrado a partir de quatro horas antes do parto até o nascimento.

Além disso, o bebê toma um xarope de antirretroviral desde o nascimento até a sexta semana de vida. “A mãe recebe medicação para inibição da lactação e o Ministério da Saúde fornece fórmula láctea infantil ao recém-nascido”, finalizou o médico.

Fonte: G1