O Serviço de Extensão ao Atendimento de Pacientes (Seap) HIV/Aids – Casa da Aids inaugura Laboratório de Atividade Física e incorpora, de modo inovador, a prática esportiva na proposta de cuidado integral ao paciente com HIV para minimizar os efeitos das doenças associadas à aids e ao uso de medicamentos antirretrovirais, com a melhora da qualidade de vida e adesão ao tratamento. O espaço, o primeiro da rede pública de saúde do Estado de São Paulo voltado a pessoas vivendo com HIV, está em funcionamento há duas semanas. O laboratório também funciona como um centro de pesquisas, produzindo resultados que poderão contribuir à padronização do tratamento na rede pública de saúde.

“Com a evolução dos antirretrovirais, hoje o paciente soropositivo, com o tratamento adequado, tem uma carga viral indetectável. Então, sua expectativa de vida é alta. Os principais riscos à saúde dessa pessoa deixam de ser as doenças oportunistas, para serem os mesmos da população em geral”, explica o médico Aluisio Cotrim Segurado, diretor da Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) ao Jornal da USP no Ar.

O Seap acompanha 3.300 pacientes adultos vivendo com o vírus, por meio de equipes multidisciplinares que contam com médicos, psicólogos, cirurgiões-dentistas, farmacêuticos, assistentes sociais e agora educadores físicos e nutricionistas. O novo ambiente, além de permitir a formação de profissionais dessas áreas, da graduação e da pós-graduação, abre espaço para uma nova linha de pesquisa: atividade física e nutrição para pessoas vivendo com HIV.

“O tratamento oferecido no Laboratório de Atividade Física é apenas mais um componente do tratamento integral, bem como os antirretrovirais, o acompanhamento da saúde mental, social e física”, ressalta Segurado. O Seap recebeu fomento da Secretaria de Estado da Saúde para adaptar seu espaço físico às necessidades da academia, bem como apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a fim de adquirir equipamentos. São 80m² com aparelhos de ponta disponíveis para os pacientes. Fora isso, há incentivo para o desenvolvimento de práticas físicas em espaços públicos e na própria casa da pessoa.

Apesar de o vírus da aids ser incurável, o coquetel de medicamentos atual inibe sua reprodução e controla a infecção, restaurando a imunidade do paciente, que deixa de transmitir o HIV durante relações sexuais aos seus parceiros. Nessa conjuntura, a perspectiva clínica passa a ser a inserção do paciente em uma vida social plena. O esporte e o cuidado alimentar não só previnem doenças crônicas, como diabete, aterosclerose e diminuem o risco de doenças vasculares, mas também são ferramentas de inclusão do soropositivo. “Um dos traços da doença é o isolamento e a depressão, em razão dos estigmas ligados à doença”, diz o médico, reafirmando a importância do acompanhamento psicológico.

O Laboratório de Atividade Física fica junto ao Seap – Casa da Aids da Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do HC da FM da Universidade de São Paulo, na Rua Ferreira de Araújo, 789, em Pinheiros.

Fonte: Jornal da USP