Após polêmica em torno do conteúdo do espetáculo O Auto da Camisinha, da Hierofante Companhia de Teatro, a peça ganhou legitimidade na CPI da Pedofilia realizada na Câmara Legislativa. Os deputados presentes consideraram a produção educativa e sem nenhum teor pejorativo. A discussão surgiu em uma apresentação em uma escola do Distrito Federal, quando um recorte descontextualizado da peça se espalhou pela internet e a mesma foi considerada como “imprópria” por pessoas que não haviam assistido. Questão superada, o espetáculo retornará em cartaz, desta vez nas ruas da capital federal e com sessões gratuitas para o público.

A montagem O Auto da Camisinha será apresentada neste domingo (12), às 10h e às 17h, na
Torre de TV de Brasília (Eixo Monumental). Depois retornará no sábado (18), com sessões às 10h e às 17h e no domingo (19), às 9h30, 11h30 e 17h, no local. A produção não é indicada para menores de 12 anos.

Com uma literatura informal, de cordel, com rimas populares, deuses, diabos e uma linda homenagem aos múltiplos Brasis, o espetáculo clama pela importância da prevenção ao combate às doenças sexualmente transmissíveis. “Depois de quase 20 anos apresentando o espetáculo, a aids e outras doenças sexualmente transmissíveis continuam contaminando muitas pessoas. A informação
precisa continuar a ser disseminada. O Auto da Camisinha permanece sendo atual e essencial à população”, destaca o ator e diretor da companhia, Anderson Floriano.

De autoria do cearense José Mapurunga, o texto escrito em linguagem de cordel é de fácil assimilação. A obra conta a saga de um casal sertanejo que se prepara para a primeira relação amorosa. Os enamorados são Benedito (Anderson Floriano) – um quixote ingênuo e apaixonado – e Lionor, uma beldade ardente que faz do uso da camisinha uma questão de respeito. O cordel remete a personagens populares.

O desejo e o instinto dos amantes viram alvo de batalha entre o Diabo versus o Anjo de Guarda. Com orientação dos seus protetores, Benedito se conscientiza de que a camisinha é a chave para o amor
sem medo. Além destes personagens, a peça conta ainda com uma costureira que irá ensinar para o
matuto que camisinha não é uma camisa pequena.  Há, também, a figura do padrinho que, fazendo uso
de um pênis inflável gigante, vai ensinar Benedito e a plateia a colocar a camisinha. Algo que, segundo
Anderson Floriano, nem todo o público consegue fazer.

“Por incrível que pareça, muitos jovens não sabem. Ou não querem usar. Outro ponto interessante é que, em época de empoderamento feminino, mostramos também que a decisão é sempre da mulher. É ela quem decide se vai ou não para a cama. Se uma mulher diz não, é não!”, ressalta. E a personagem de Lionor deixa claro: “Eu só transo por amor, mas se você não se dispor a usar a camisinha, fique certo que não vou ficar triste sozinha”.

Os outros personagens, incluindo Lionor, são interpretados pelos atores Tainá Ramos e Diogo Cerrado, que se revezam nas cenas. A direção é de Humberto Pedrancini. A peça promove, ainda, um debate ao final de cada sessão para o esclarecimento das dúvidas do público.

O Auto da Camisinha é uma realização da Secretaria de Cultura do Distrito Federal com o patrocínio do FAC, o Fundo de Apoio à Cultura.