No 466° aniversário da cidade de São Paulo, a Agência de Notícias da Aids consultou OnGs, ativistas para entender como estão os serviços de aids na cidade de acordo com a região em que atuam.

Na reportagem de hoje, acompanhe as análises sobre a região leste e norte da cidade. A pesquisa foi feita por meio de gestores de organizações do movimento de aids que consultaram a opinião de diferentes usuários dos serviços.

Na zona leste, por exemplo, destaca-se a necessidade da reposição de funcionários que estão se aposentando. Por outro lado, há uma potencialização dos serviços de PrEP e PEP.

Já na região norte, os usuários destacam a necessidade de aumentar o número de agentes de prevenção e elogiam o acompanhamento dos pacientes faltosos. Veja a análise completa:

 

Zona Leste

 

Segundo o coordenador do Movimento de Luta Paulistana Contra Aids, Américo Nunes, entre tantos avanços na região a Coordenaria Regional de Saúde Leste (CRS) vem se destacando com reuniões programadas para discussão do acesso a saúde para a população LGBTQI+ com criação de 5 novas referências para hormonização e intervenções da prevenção combinada nos bairros de São Mateus, Cidade Tiradentes e Ermelino Matarazzo.

Américo ressalta também que, no momento, está em processo a transformação do CTA São Mateus em SAE com previsão para fevereiro, com isto irá potencializar a retenção dos pacientes e desafogar os outros SAEs. Exceto o CTA Tiradentes os demais fazem a Profilaxia Pré Exposição ao HIV (PrEP) e outros serviços de saúde fazem a Profilaxia Pós Exposição do HIV (PEP).

O CTA São Miguel Paulista já oferta o antirretroviral para pessoas com recém diagnóstico HIV, os demais estão sendo adequados para atender as diretrizes do Ministério da Saúde para iniciar a primeira dose de antirretroviral.

A zona leste tem 283 locais de dispensação de insumos de prevenção pelo Projeto Agora Você Está Pronto do Instituto Vida Nova e também pelos serviços da RME tem a dispensação em grande quantidade de preservativos internos e externos em estações de trem, metrô, ônibus, comércio e locais de entretenimento diurno e noturno;

Além disso, a região conta com 6 OnG/aids, 7 Serviços da Rede Municipal de Especialidade em IST/Aids, 7 Supervisões Técnicas de Saúde; 7 serviços municipais de saúde que ofertam a PEP sendo 5 durante 24 horas e 2 em horário diurno, 1 Centro de Cidadania LGBT+.

Américo lembra também que ainda há o Projeto Agentes de Retenção que tem colaborado para ampliação do  atendimento e melhorado a dispensação e vinculação das pessoas infectadas pelo HIV.

No entanto a região ainda apresenta alguns desafios como manter e ampliar a política de aids, reposição de profissionais de saúde, readequar os SAEs e CTAs, democratizar a informação e o acesso à PrEP, manter e melhorar a vinculação e retenção, visibilizar ainda mais a prevenção combinada, reduzir as infecções sexualmente transmissíveis, a coinfecção HIV/tuberculose e diminuição de casos de morte por aids e que os CTAs estejam preparados para realizar a prova tuberculínica (PPD).

Região Norte

Por meio do Projeto Bem-Me-Quer, usuários dos serviços da região norte da cidade apontaram como avanço a implantação da PrEP na região, o monitoramento dos resultados de CD4 e Carga Viral. Além disso, destacaram a atuação do agente de retenção no SAE Santana, convocando os pacientes faltosos ou em abandono de tratamento.

Para os usuários as consultas com farmacêuticos, o tratamento a pacientes com dificuldade de adesão ao tratamento e incremento na profilaxia dos casos de Infecção Latente da Tuberculose (ILTB), bem como a sistematização da assistência de enfermagem para pacientes recém diagnosticados também foram apontados como pontos positivos. O destaque aqui vai para a implantação do atendimento de auriculoterapia pela nutricionista. 

Por outro lado, a região ainda tem dificuldades em reduzir a taxa de abandono ao tratamento HIV/aids, ampliar a área de atuação e enfrenta desafios quanto ao número de agentes de prevenção no território. Segundo os usuários ainda é necessário instalar computadores com internet nos consultórios para atendimento médico no SAE Santana. 

Já no SAE de Nossa Senhora do Ó, avaliou-se como positivo o atendimento de toda a demanda de PREP e PEP que chega até lá, ao passo que nota-se um aumento expressivo da oferta de testes rápidos.

O início rápido no tratamento dos casos novos e trabalho de vinculação, além da eliminação da transmissão vertical no território também se destacaram como pontos positivos, levando em consideração que há o atendimento de todos os casos encaminhados de HPV em mulheres e homens no nosso território.

Em relação aos desafios encontrados em Nossa Senhora do Ó, para os usuários o mais importante é manter a qualidade do atendimento e dar conta das principais demandas para controle da epidemia de HIV/aids reduzindo novas infecções pelo HIV: PREP, PEP, adesão ao tratamento para atingir a CV indetectável, diagnóstico precoce, início imediato do tratamento.

 

 

Redação da Agência de Notícias da Aids