O ex-capitão de rugby do País de Gales, Gareth Thomas, falou sobre a necessidade urgente de enfrentar o estigma relacionado ao HIV.

Durante evento especial na 17ª Conferência Europeia sobre aids, realizada na cidade de Basileia, Suíça, entre 6 e 9 de novembro, Thomas disse que quer ajudar a criar um ambiente capaz de romper com o estigma, onde as pessoas possam tomar decisões informadas, baseadas em evidências, e sejam livres para falar abertamente sobre o HIV.

Foi a primeira vez que o ex-capitão de rugby falou na frente de uma plateia sobre sua decisão de divulgar publicamente seu estado sorológico para o HIV.

Na evento, ele comentou sobre a reação avassaladora e o apoio que recebeu do público após a divulgação do seu estado sorológico para o HIV.

Thomas também falou sobre a exibição no País de Gales do documentário da transmissora britânica BBC que trata sobre como é ser uma pessoa vivendo com HIV. O documentário inclui imagens da competição internacional de triatlo Iron Man (“Homem de Ferro”, na tradução livre para o português) que ele participou.

Em sua fala ao público, Gareth Thomas pontuou sua determinação em mostrar às pessoas que viver com HIV também pode significar viver uma vida longa, saudável e em forma, e que os avanços médicos agora significam que, com acesso a um tratamento eficaz, o vírus HIV pode não ser mais transmitido. Segundo ele, “Avanços sobre os quais as pessoas não conhecem o suficiente”.

“Eu queria desafiar o estigma de frente”, disse Thomas comentando sobre sua participação no documentário.

“Eu queria que as pessoas vissem que eu era capaz de nadar duas milhas e meia no mar, pedalar 112 milhas e correr uma maratona com HIV. Se eu posso fazer isso, nós podemos fazer qualquer coisa”, avaliou.

Segundo Thomas, “Desde aquele dia, não recebi nada além de apoio e amor”.

Parcerias para impulsionar o fim do estigma ao HIV/aids

O evento foi moderado pelo diretor da equipe regional para a Europa Oriental e Ásia Central do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/aids (Unaids), Vinay Saldanha, que destacou o poder das parcerias para avançar no progresso pelo fim da aids.

Entre os participantes do painel também estavam especialistas internacionais que trabalham no campo de organizações lideradas pela comunidade; financiamento; parcerias internacionais; além de ativistas vivendo com HIV.

O advogado Bruce Richman, fundador e diretor executivo da campanha “Indetectável = Intransmissível (I = I)”, falou sobre a importância do I = I para superar o estigma vivenciado por pessoas vivendo com HIV e afetadas pelo vírus, e como a campanha se tornou um movimento público para acabar com o medo e falta de entendimento em torno do assunto.

“O ‘I = I’ liberta as pessoas que vivem com HIV do medo da transmissão”, disse Richman.

“Vivemos e morremos pelo estigma a relação ao HIV há mais de 35 anos. ‘I = I’ constrói nossa parceria para acabar com esse estigma”, avaliou o advogado.

Marion Wadibia, chefe da instituição de caridade para saúde sexual do Projeto NAZ, localizado em Londres, Reino Unido, falou sobre como as parcerias podem oferecer serviços de saúde sexual com especificidades culturais para as pessoas que são deixadas para trás.

“Precisamos integrar questões de raça em todo o nosso trabalho”, comentou Wadibia.

Outros membros do painel conversaram sobre a importância de usar abordagens incomuns de negócios, mais ousadas, para acabar com a AIDS em todas as comunidades e populações.

Rageshri Dhairyawan, do Barts Health NHS Trust, de Londres, citou a iniciativa Soul Sisters como um exemplo de parceria que fornece apoio em serviços de saúde sexual e prevenção do HIV para mulheres vítimas de abuso doméstico.

“A violência contra mulheres e meninas é um dos principais impulsionadores da transmissão do HIV”, disse Dhairyawan.

17ª Conferência Europeia sobre Aids – Juntos nós podemos

Evento que com a presença do Gareth Thomas foi intitulado Together We Can (“Juntos nós podemos”, na tradução livre para o português) e organizado pela Gilead Sciences.

A Conferência Europeia reuniu os principais especialistas em HIV, cientistas, pesquisadores, ativistas e comunidades de pessoas vivendo com HIV para discutir os últimos progressos no sentido de acabar com a aids na Europa.

Encontro deu atenção especial às crescentes epidemias de HIV na Europa Oriental e na Ásia Central; analisou o progresso em direção às metas 90-90-90; considerou cidades e municípios que aderiram à iniciativa Fast Track (Aceleração da Resposta); discutiu modelos de atendimento a pessoas vivendo com HIV à medida que envelhecem; e maneiras de combater e eliminar o estigma e a discriminação relacionados ao HIV.

Webcasts, apresentações, assim como pôsteres da 17ª Conferência Europeia sobre AIDS estão disponíveis na European Aids Clinical Society Resource Library  (“Biblioteca de Recursos da Sociedade Clínica Europeia”, na tradução livre para o português) por um período de três meses.

Fonte: ONU Brasil