Aconteceu essa semana a I Conferência Nacional do HIV/Aids com objetivo de debater assuntos acerca do HIV/aids abordando aspectos clínicos, fisiológicos, genéticos e o atual perfil epidemiológico, como também, dialogar, de forma transversal, os eixos de acesso à informação para as políticas de saúde, acesso universal à prevenção, tratamento, atenção e apoio às pessoas com HIV/aids.

A diretora da Agência de Notícias, Roseli Tardelli, participou de uma das mesas e falou sobre os desafios da luta contra o HIV/Aids em meio à pandemia. “Já não bastasse os tantos desafios que temos com o HIV/aids e aí chega mais esse desafio que é o coronavírus. No meio disso tudo, vamos ter que ressiginificar as nossas histórias, intenções, desejos e formas de luta. E eles podem brigar o quanto quiserem, do jeito que for, mas todos nós temos direito à vacina.”

“Dentro desse desafios tem as especificidades do HIV que nos trazem a 40 anos que nos remete a problemas que ainda não solucionamos”, disse ao mencionar a ausência de campanhas públicas para que as pessoas conheçam tecnologias como a PrEP e conceitos como o Indetectável = Instransmissível.

O ativista Pierre Freitaz questionou se foram cometidos os mesmos erros cometidos no início da aids. Roseli respondeu que “nenhum de nós esperávamos que uma pandemia como essa fosse acontecer com essa rapidez no mundo. Não vejo como erro,  porque de novo a gente vai tentar culpabilizar alguém e não é esse o caminho. Existem gestões mais eficientes e menos eficientes, mas nós porecisamos também entender nosso papel enquanto indivíduo.”

 

Profissionais de saúde 

O ativista Filipe Estevam falou sobre a importância do acolhimento e citou casos de pacientes que não tiveram suas dúvidas sanadas em suas consultas e saíram sem sequer saber o que eram dados como CD4 por exemplo.

Nesse sentido Pierre defende que “os médicos precisam sair do pedestal”. “Já tive médicos que não olharam na minha cara. Eu já levei meu companheiro na consulta, o profissional nem perguntou quem era a pessoa. Se a gente tem profissionais de saúde com esses olhares, é muito difícil que alguém saia da consulta com suas perguntas respondidas. O acolhimento inicial é importante porque é ele que vai garantir a adesão ao tratamento.”

Salvador, contou que uma vez foi abraçado por enfermeira em um momento de angústia. “O ser humano tem capacidade de fazer isso. Aquele abraço significou pra mim algo muito grande.”

Para ele é preciso primeiro se conhecer melhor para poder respeitar mais o outro. “É reconhecer seus limites de atuação, precisamos nos reconhecer e reconhecer o outro. A pandemia fez com que a gente olhasse para o autoacolhimento.”

A trabalhadora sexual, Maria Elisa, contou que foi orientada por uma profissional de saúde a buscar todos os parceiros com que já esteve para informar sua sorologia. “Isso é algo impossível para uma trabalhadora sexual. Cinco anos depois de, a vida me trouxe pra perto a mesma profissional, que estava sentada lá atrás assistindo uma palestra nossa falando sobre esse tem e sobre empatia. E essa palavra, dentro do acolhimento, se não for aplicada como afeto ela não funciona.”