Não queremos flores, queremos respeito!

O 8 de março, Dia Internacional da Mulher, geralmente é um momento de grande reflexão sobre as condições e a situação da mulher. Dia marcado pela morte das mulheres tecelãs da Inglaterra, que foram queimadas vivas na fábrica em que trabalhavam.

No entanto, essa reflexão deveria acontecer todos dias. Àquelas mulheres mortas tinham um objetivo, elas buscavam igualdade, respeito, condições dignas de trabalho. Ainda hoje, nós buscamos por igualdade, respeito, valorização, condições melhores de trabalho, de saúde, de educação e segurança.

Nós, mulheres que vivemos com HIV/aids, também queremos dignidade, respeito, igualdade:

Queremos um país sem golpe, mais mulheres no poder, políticos honestos que estejam junto da população;

Queremos gestores atuando com os movimentos e pela população vulnerabilizada e a garantia do SUS;

Um SUS integral, universal e equânime;

Queremos a garantia de que não nos faltem remédios, seja para o HIV, hepatites ou outras Infecções Sexualmente Transmissíveis, seja para diabetes, para hipertensão, e tantas outras patologias;

Queremos ter trabalho, onde nossa condição de viver com HIV não interfira;

Queremos informações que possam ampliar nossas escolhas, sobre o viver com HIV/aids. E que nossos direitos à saúde sexual e reprodutiva sejam respeitados;

Queremos ter prazer no sexo. Seja ele seguro, com preservativo masculino, feminino ou sem proteção, caso a carga viral esteja indetectável; queremos autonomia e que as nossas escolhas sejam respeitadas;

Queremos ter ou não filhos, ter uma gestação com todo apoio, respeito e sem julgamentos. Queremos sair da maternidade com o medicamento para o bebê disponível, e devidamente orientada sobre o procedimento;

Queremos ter sempre disponível a fórmula infantil e que não haja desabastecimento;

Ter um atendimento humanizado, respeitando nossas especificidades, além de sair da caixinha do HIV e sermos consideradas na nossa integralidade;

Queremos ter nossa orientação sexual e identidade de gênero respeitada. E que nossas angústias, medos e desejos sejam respeitados;

Queremos que o machismo e o racismo sejam extirpados do mundo;

Queremos não sofrer violências, de toda espécie e em todos os lugares. Queremos não ser assediadas e nem molestadas e muito menos intimidadas;

Não nos resumimos ao HIV, somos muito mais que esse pequeno vírus, somos trabalhadoras formais e informais, somos estudantes, somos donas de casa, somos filhas, irmãs, namoradas, amantes, esposas, amigas, mães, tias, e acima de tudo, nos fazemos mulher a cada dia.

Portanto, nesse dia de reflexões, o Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas quer que a autonomia, a autoestima, o amor próprio e a dignidade seja um impulso para todas nós que vivemos com HIV.

Embora saibamos que houve alguns avanços e conquistas, ainda há muita luta por respeito, reconhecimento, trabalho, saúde, educação e a tão sonhada igualdade de gênero.

Força mulheres positivas. Empoderem-se!

* Helina Moura é ativista e representante política do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas.