Está chegando a hora. Vamos vivenciar mais uma vez aquele momento do ano empoderador, quando milhões de paulistanos e turistas se juntam para celebrar não apenas o orgulho de ser LGBTI – ou aliado- mas também a verdadeira vocação de São Paulo: abraçar a diversidade.

No momento em que o país parece ter perdido o rumo e pairam nuvens sobre as conquistas sociais das últimas décadas, é bom saber que nem tudo está perdido.

A energia positiva que emana desse encontro anual serve como um alerta em alto e bom som aos retrógrados que vislumbram no caos político uma possibilidade de levarem adiante seu projeto de retrocesso obscurantista.

Nós LGBTIs somos uma população heterogênea, que pensa e age de maneiras muito distintas e por vezes nem parecemos ser uma comunidade. Ainda que possamos parecer dividimos, nos reunimos para lembrar que temos algo que nos une e nos faz fortes.

Tentam diminuir a força dessa reunião, chamando de carnaval fora de época. Só uma visão estreita não enxerga que a deste evento está justamente no seu caráter celebratório, que amplifica vozes por tanto tempo caladas. E como ninguém sabe fazer uma festa como nós, esse é nosso presente para a cidade, que aceita o mimo e retribuiu chegando junto.

Por isso tremam conservadores, porque a causa de gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis, intersexuais, pansexuais, assexuais, queers, não-binários é sem nenhuma sombra de dúvida a causa dos direitos humanos, e ao se posicionarem contra estão mostrando a seu lado mais obscuro.

Aceitem fundamentalistas, porque querendo ou não vivemos em um estado laico e se pretendem ser respeitados precisam entender que não há democracia sem cumprimento de , e a mesma lei que valida a sua maneira de viver valida a nossa.

Essa é a hora de festejar o legado daqueles que levantaram a cabeça e lutaram contra o preconceito. É hora de cantar, dançar, abraçar, beijar e respeitar para que a caretice seja apenas mais uma opção.
Estar na Paulista nesse dia, ou em qualquer outra das centenas de Paradas do Orgulho e outros eventos que comemoram a identidade LGBTI+ é um ato político.

Como faço desde 1997, vou para Paulista celebrar na rua e no Camarote Solidário com meu companheiro, amigos, amigas e seus filhos. Recarregar energias para o embate que se aproxima, quando a luz e todas as cores de seu espectro enfrentará as trevas.

* André Fischer é criador e co-diretor do MixBrasil e general manager do Hornet.