Há cinco anos, quando era Ministro da Saúde da presidenta Dilma Rousseff, anunciávamos no Dia Mundial do Combate à Aids, o retorno do Brasil na liderança do ranking de tratamento e na mudança no atendimento às pessoas portadoras do vírus. A partir daquele momento, a pessoa que é diagnosticada, passava a receber de imediato tratamento pela rede pública, diminuindo assim, a taxa de transmissão.

Este novo protocolo colocou o Brasil no país com as maiores coberturas de tratamento antirretroviral do mundo, onde mais de metade das pessoas vivendo com o vírus recebe tratamento, segundo a Unaids. Os resultados dessas medidas estamos vendo ao longo dos anos, como o relatório divulgado pelo Ministério da Saúde nesta semana que mostrou a redução de 16% da mortalidade das pessoas que vivem com aids desde 2013.

Nao há medição de esforços quando o assunto é prevenção e tratamento de HIV/aids no Sistema Único de Saúde (SUS).
Lembro-me do meu discurso na Reunião de Alto Nível da ONU em 2011, onde reiteramos o compromisso com da ampliação do acesso a preservativos e medicamentos e o enfrentamento do estigma, frente a tentativa de governos obscurantistas em retroceder nas resoluções da ONU em relação as populações vulneráveis.

Esse dado mostra a importância da dedicação da prevenção ao vírus, mas também a garantia do tratamento imediato para a não transmissão.

Além das constantes campanhas de prevenção, foi incluído também a PEP (Profilaxia Pós-Exposição), medicação de antirretrovirais que são tomados após exposição de risco e a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) onde a pessoa que não possui o vírus e tiver contato com pessoas pode recorrer a essa terapia. Está medicação está disponível para a população vulnerável, como profissionais do sexo, trans, gays, homens que fazem sexo com homens justamente por serem mais vulneráveis, casais onde apenas um dos indivíduos vive com HIV, estão expostas a infecção. Quando tomada, ela impede a instalação do vírus no organismo.

Nestes 30 anos de luta é constante também o enfrentamento a qualquer tipo de preconceito e estigma em relação à infeção e as pessoas que vivem com HIV/aids. O Brasil foi pioneiro no acesso ao tratamento a aids, nosso Programa Nacional de DST/Aids é reconhecido como referência mundial.

É inimaginável retrocedermos a essa história que nos trouxe resultados positivos. Não podemos permitir que novos governos menosprezem o trabalho realizado pelos profissionais da saúde.

Declarações preconceituosas das formas de prevenção e acesso ao tratamento só nos levarão a aumentar o número de casos – como já foi apontado em alguns estados – e não tratar o assunto como questão de saúde pública. Como deputado eleito, assinei a carta compromisso para acompanhamento do Programa Mínimo sobre HIV/aids do Fórum das ONG/Aids do Estado de São Paulo, onde fiscalizarei e permanecerei lutando pelo combate e prevenção ao HIV/aids.

* Alexandre Padilha é ex-ministro da Saúde.